PaperKlay – Cumpre Seu Papel

Tem alguns gêneros de jogos que são queridinhos dos desenvolvedores indies. Roguelites? Tem centenas. Platformers 2D? Outras centenas.

Seja pela sua popularidade, seja pela quantidade gigantesca de inspiração, seja pelo motivo que for, certos gêneros transformam-se em “favoritinhos dos indies”.

Mas sabe qual estilo de jogo tá meio sumido? Collectathons 3D. E ultimamente eu estava bem afim de jogar um, no embalo do nosso episódio de Top Dúzia Collectathons, porém estava meio sem opções. Eis que surge na minha vida um jogo de um desenvolvedor solo bem nessa pegada: PaperKlay.

Gênero: Plataforma, Collectathon 3D
Lançamento: 27/05/2025
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por WhyKev
Publicado por WhyKev

 

Um jogo com uma galinha!?

PaperKlay começa muito bem, colocando o jogador no papel de uma Galinha super fofa. Na verdade é um galo, ok! eu sei, acalmem-se especialistas da lore de PaperKlay que estão lendo isso.

Porque pra mim é uma Galinha Viajante, só faltou ser verdinha. Com esse simples detalhe, o jogo já ganhou minha simpatia desde cedo.

Chick (esse é o nome do protagonista) ainda conta com um ajudante que é um pintinho chamado Nugget, e eu não consegui decidir até agora se isso é fofo ou macabro.

Os pontos positivos visuais não param no protagonista super fofo.

O jogo tem um visual de papel, ou melhor, papelão e massinha que lembra o maravilhoso (e saudoso, RIP) Tearaway, um joguinho de aventura e plataforma super divertido lançado para o PS Vita e depois remasterizado para o Playstation 4.

As fases se desdobram enquanto você joga, os inimigos são tesouras e grampeadores, os colecionáveis são pequenos botões e todo o design visual das fases é super legal e muito bonito, e o melhor de tudo o jogo está rodando sem problemas.

Apesar do game ter um visual super legal, o verdadeiro show está na parte sonora.

A trilha sonora de PaperKlay nos leva automaticamente de volta aos tempos de Playstation 1 e Nintendo 64, e ainda conta com um tema principal composto por Grant Kirkhope, mesma mente que fez a música de Banjo Kazooie.

Junto da trilha sonora, o jogo tem diálogos com vozes espetaculares – a atuação de todo mundo envolvido está muito, legal mesmo, e falo com tranquilidade que essa parte não perde muito pra jogos com orçamentos maiores.

Os personagens que encarnam essas vozes são super criativos, e um dos destaques é um fantoche de meia que fica te seguindo por uma fase conversando com você o tempo todo.

Com um visual legal e bonito, atuações de voz estelares e uma trilha sonora excelente, o jogo tem tudo pra ser um sucesso.

Ver um jogo feito por um desenvolvedor solo e ainda ter uma primeira impressão tão forte e positiva é algo extremamente divertido. E olha, o jogo é bom, porém é uma pena que a parte mais fraca dele seja justamente a mais importante: jogabilidade.

O que estrelas e ovos tem em comum?

PaperKlay começa como muitos outros jogos do estilo: o vilão aparece no mundo pacato do protagonista e toca o zaralho por tudo. Já vimos isso acontecer diversas vezes, de Sonic a Crash, de Mario Bros a Astro Bot, e a razão pra esse tropo ser tão repetido é simples: funciona.

Isso sempre acaba resultando em uma coisa, o vilão espalha pelo mundo dezenas e dezenas de “por dizer itens” para o jogador coletar. E é aí que o jogo começa, pequenos ovinhos tomam o lugar, como se fossem as estrelas de Super Mario 64, e seu principal objetivo durante todo o jogo é coletar estes ovos espalhados pelas fases.

Chick entrando em uma das fases pra procurar os ovos. Note que, embora as vozes sejam só em inglês, o jogo tem legendas em PTBR.

Aí vem o jogo de verdade, e aí vem a parte infelizmente mais decepcionante de PaperKlay.

Um bom jogo de aventura, plataforma e collectathon precisa de uma jogabilidade rápida, responsiva e criativa, e de um design de fases que suporte e desperte isso no jogador. Por mais lindo e legal que seja, a gente lembra do audiovisual sempre complementando o gameplay, é de certa forma inevitável. Assim como a trilha sonora de Sonic que está marcada, nas nossas mentes. Mas isso só acontece porque os jogos são bons e, consequentemente, a gente acaba jogando tanto que decora as músicas.

PaperKlay tem uma jogabilidade não muito inspirada. Veja, não estou dizendo que é ruim, porque não é. Mas você não vai ver aqui nada de muito novo em relação ao que já viu diversas vezes em outros jogos do gênero.

Os poderes e movimentos à disposição do jogador são simples e repetidos de diversos outros jogos – pulo duplo, caída com a bunda no chão pra ativar botões, planar com um paraquedas, a falta de novidade ou diferencial, tira todo o brilho da expectativa gerada.

O design das fases também não engaja muito na hora de jogar. As fases são mais amplas do que o necessário, e a maior parte do tempo acaba sendo andar do ponto A ao ponto B, não há desafios ou melhores interações durante.

As fases são vazias e o movimento da galinha é meio lento, mesmo depois da adição de um botão de corrida via patch (teve tanta gente reclamando disso nos fóruns da Steam que o desenvolvedor adicionou essa mecânica poucos dias depois do lançamento). Nada disso é MUITO ruim, e eu ainda curti meu tempo com o jogo, mas são coisas que acabam frustrando um pouco e baixando bastante o nível de um jogo que prometia muito desde o começo. 

Em algumas fases é possível jogar com o Nugget, essas fases são um pouco diferentes, funcionando quase como puzzles em um diorama – algo parecido com aquele jogo do Captain Toad Treasure Tracker. Essas fases são divertidas e quebram um pouco o ritmo, de maneira positiva, o jogo como um todo.

Veredito: Dê Uma Chance

PaperKlay é um Collectathon 3D feito por uma pessoa só (exceto as atuações de voz e trilha sonora), o jogo é absolutamente funcional e bastante divertido.

O problema é que toda a qualidade e identidade que ele tem na parte audiovisual não transparece na parte de jogabilidade. De jogos grandes a jogos pequenos, feitos por um desenvolvedor solo, os jogos de plataforma 3D vivem ou morrem pela sua jogabilidade.

Lunistice, por exemplo, também é um indie pequeno, inspirado em Sonic 3D, sendo um jogo bem superior no gameplay, e por consequência, bem mais memorável.

Enfim PaperKlay um jogo “ok” com um visual acima da média, trilha sonora excelente e vozes absolutamente espetaculares. Eu curti meu tempo com ele, principalmente porque estava querendo muito jogar algo nesse gênero. Se você também tá afim, dê uma chance – especialmente pelo precinho camarada de R$30,00 na Steam

Jogue se você curte: Banjo Kazooie, Super Mario 64, Fantoches de meia solitários que só querem um amigo.

Jogamos PaperKlay no PC, com uma chave cedida pela Future Friends.

 

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