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Songs of Silence – Lindo, Caprichado, Mas Raso Demais

Jogos de estratégia não são pra todo mundo. Não digo isso com o objetivo de falar quem deve ou não jogar, mas apenas constatando que não é todo mundo que gosta mesmo. Jogos de estratégia são trabalhosos, cheios de números, escolhas e possibilidades. Pra quem curte o gênero isso tudo é um prato cheio, mas quem não é fã acaba ficando desanimado rapidamente. Songs of Silence parece querer preencher um buraco de mercado de uma maneira bem lógica: é uma história de fantasia contada através de um jogo de estratégia mais simplificado. O problema é que, nessa simplificação, ele perde toda a graça que um jogo de estratégia pode ter e, mesmo lindo e caprichado, cai em um limbo que talvez agrade menos pessoas ainda.

Gêneros: Estratégia Por Turnos, 4X
Lançamento: 13/11/2024
Plataformas: PC, PS5, XSX
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Chimera Entertainment
Publicado por Chimera Entertainment e H2 Interactive

Audiovisual nota 10

Vamos começar pela parte boa: Songs of Silence é um jogo absolutamente lindo. Os visuais, a interface, os sons, as músicas, as artes de retrato dos heróis e exércitos… É tudo de uma qualidade que, sinceramente, não é muito vista por aí. Eu me senti jogando um jogo da Supergiant (Bastion, Transistor, Pyre, Hades), e quem já jogou sabe quão grande é esse elogio. Definitivamente não há o que reclamar da parte audiovisual do jogo. O mundo de fantasia de Songs of Silence é realizado de maneira magistral, e com um capricho ímpar até os mínimos detalhes, mas tudo sem exageros. 

Os primeiros momentos da primeira campanha já mostram como o mundo de Songs of Silence é lindo.

As fontes são lindas e, ao mesmo tempo, confortáveis de ler. Os menus são floreados com inspirações em Art Nouveau, mas conseguem ser intuitivos, e o jogo tem até mesmo opção de mudar a escala da interface inteira pra se adaptar melhor a tamanhos diferentes de tela. Tudo isso faz uma diferença gigante e causa uma primeira impressão extremamente positiva. A trilha sonora é de Hitoshi Sakimoto, um nome que certamente os leitores mais gagás, digo, de maior idade, vão conhecer. Ele compôs músicas para as trilhas sonoras de uns jogos pequenos como Final Fantasy Tactics, Odin Sphere e Vagrant Story. Ou seja, músicas de qualidade também não faltam.

Um mundo dividido

Songs of Silence se passa em um mundo que foi separado em dois por uma força chamada Silêncio. Provavelmente inspirado em Silmarillion e em toda a lore da criação do mundo de Senhor do Anéis, o mundo de Songs of Silence existe graças à música do Hino, uma força mágica que mantém o universo balanceado. O mundo entra em crise quando o Silêncio começa a se espalhar e arrasar cidades inteiras. A campanha single player do jogo conta a história de herois que, lutando pela sua sobrevivência, precisarão entender profundamente o mundo em que vivem e retornar o planeta à sua harmonia original.

Os mundos fragmentados de Songs of Silence

Embora a cosmogonia de Songs of Silence seja MUITO legal, o desenrolar da história deixa a desejar. Não que seja ruim, mas é previsível e sem grandes escolhas a serem feitas pelo jogador. A verdade é que a campanha é bem linear, o que nem sempre é ruim, mas pra um jogo de estratégia acaba sendo um pouco chato. Saber que as escolhas estratégicas feitas durante cada fase não influenciam em muita coisa deixa o jogador com um gosto amargo na boca, e a impressão é que a história arrasta o jogador pra frente, ao invés do jogador avançar a história pelas suas próprias forças.

Estratégia leve demais

O maior problema de Songs of Silence está na sua jogabilidade. O jogo se divide em duas partes: avançar com seus exércitos pelo mapa, e batalhar. Até aí, nada de inédito – é assim que funcionam os jogos parecidos, como o recente e excelente Unicorn Overlord. O que fica faltando nas duas partes é deixar o jogador mais livre pra fazer o que ele quer e precisa fazer. O jogador controla poucos exércitos, o avanço de cada unidade em cada turno é pequeno e as opções táticas, como cidades e fortalezas, são poucas e bem sem graça.

Faltam opções táticas no combate automático, e isso machuca muito o jogo.

Durante o combate em si, o jogo funciona automaticamente. O jogador monta seu exército posicionando unidades pelo campo de batalha e, ao iniciar, as unidades avançam contra os oponentes agindo de maneira automática. São poucos tipos de unidades e até mesmo os herois não tem habilidades interessantes de serem utilizadas. A única forma ativa de o jogador participar desse combate é através das cartas do jogo, que ativam feitiços poderosos de cura ou dano em área, mas até mesmo essas cartas são meio sem graça – seus efeitos não empolgam, e poderiam facilmente ser botões ao invés de cartas, afinal o jogo não tem um sistema de baralho nem nada – na prática são apenas habilidades em um cooldown.

Veredito: Dê Uma Chance

A impressão que fica é que Songs of Silence tenta ser um jogo de estratégia pra quem não gosta de jogos de estratégia. Cada mecânica que o jogo apresenta fica aquém de causar um impacto realmente legal no jogo, e a falta de profundidade afasta os jogadores que, como eu, curtem mergulhar em uma infinidade de números, táticas e possibilidades. Ao mesmo tempo, pra quem não quer jogar jogos de estratégia, tem muito RPG excelente por aí que vai entregar exatamente o que a pessoa procura. Talvez seja uma boa porta de entrada pra quem sempre teve curiosidade com jogos do gênero mas nunca teve paciência pra tentar jogar algo mais complexo, afinal o jogo conta com campanha, modo de batalhas casuais, mundo interessante e um audiovisual realmente impecável.

Jogue se você curte: Estratégia BEM leve, histórias de fantasia, Senhor dos Anéis

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