esta resenha foi escrita por Matheus Henrique Menuci Bruce
Durante muito tempo a franquia Zelda cativou gerações e gerações de fãs. Sempre de uma forma muito única de se fazer uma aventura, Link, Zelda, Ganon e companhia – guiados pelas mãos de Eiji Aunuma – entregaram as mais mirabolantes ideias, mecânicas e construíram memórias para nós, e em especial para mim. É claro que após as audaciosas e bem vindas mudanças de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom a pergunta era apenas uma: para onde a franquia poderia evoluir? E não é que ela evoluiu mais uma vez de forma brilhante e resgatando seu classicismo tão marcante.
Gênero: Ação/Aventura
Lançamento: 26/09/2024
Plataformas: Nintendo Switch
Tem idioma PT-BR: Sim!!
Desenvolvido por: Grezzo e Nintendo
Publicado por: Nintendo
“Ah, esse é aquele jogo do Zelda, né? Não, pera, é Link, né?”
Após anos e anos, a confusão entre nome do jogo e protagonista se tornou piada pronta. O famigerado jogo “do Zelda” ficou conhecido entre multidões de jogadores entre as mais diversas plataformas. Eis que em um movimento bastante audacioso e surpreendente, a dona da bola entregou sua mais importante franquia novamente às mãos da Grezzo, responsável pelo ótimo remake de Link’s Awakening, mas com uma visão totalmente nova para uma fórmula que modificou-se enormemente nos últimos dois títulos da franquia. Dessa vez o jogo “do Zelda” para a ser de fato o jogo DA ZELDA, e em uma inversão de papeis bastante bem vinda, controlamos pela primeira vez a nossa amada princesa e há tanto tempo nossa sacerdotisa da sabedoria.
Uma nova velha Hyrule
Seguindo uma tendência talvez iniciada em Breath of the Wild, Echoes of Wisdom tem início em um calabouço, onde controlamos o jovem Link enfrentando as forças de Ganon. Diferente de outros jogos da franquia em que o destino está praticamente selado, e estes personagens são conhecidos uns aos outros, Link está apenas tentando enfrentar as forças maléficas a fim de proteger sua pequena vila. É nesta breve jornada que ele se depara com a princesa Zelda, aprisionada por Ganon em um cristal mágico (que remete muito à Link to the Past). É neste contexto que nosso conhecido vilão utiliza de uma nova forma de poder e cria fendas interdimensionais capazes de “engolir” tudo aquilo que tocam. Link é absorvido por uma dessas fendas, e num último ato de coragem, acerta uma flecha no cristal que aprisionava Zelda e então desaparece do mundo conhecido.
A partir daí controlamos pela primeira vez essa coadjuvante na franquia e que há muito clamava por um jogo. E aqui as novidades começam, mas com um gostinho de terreno conhecido. O jogo tem de fato início após uma fantástica tela de título em plano aberto, mostrando a grandiosidade dessa tão carismática Hyrule em 2,5D criada pela Greezo com todo seu conhecimento de Link’s Awakening. A estética criada no jogo anterior é transportada de forma brilhante e muito carismática, assim como no predecessor da equipe. E embora o motor gráfico seja o mesmo, temos um cenário novo com as já conhecidas regiões. Tudo que a franquia construiu está aqui de alguma forma e você não estranhará. O que é mais surpreendente ainda é a similaridade que certas partes do mundo tem com a Hyrule de Link to the Past. O quão surpreso eu não fiquei ao ver ruínas do templo de Gerudo Desert utilizado em LttP? E devo dizer, que lindo foi reencontrar essas localidades tão cuidadosamente remontadas anos e anos depois, mesmo após A Link Between Worlds.
Infelizmente nem tudo são flores nessa bela Hyrule, pois como escrevi acima, o motor gráfico é o mesmo de LA, e se você jogou, sabe das quedas bruscas de frames que ocorrem simplesmente do nada. Talvez a culpa seja mais do hardware já defasado do Switch do que da equipe de desenvolvimento em si, que colocando de lado esse pormenor, entrega uma experiência digníssima da franquia.
Os Ecos são sábios
O título do jogo não poderia fazer mais sentido aos olhos deste fã de longa data e que só se tornou professor de inglês por conta dessa princesa tão querida.
Ao escapar do calabouço inicial Zelda é acompanhada de Tri, uma entidade cósmica que consegue atravessar dimensões. Munida de um cajado mágico e de seu novo companheiro (só visível para aqueles que foram tragados para o “Mundo Parado”), Zelda parte em busca de respostas para fechar as fendas que se espalham por Hyrule e também para salvar o garoto que a resgatou.
Neste ponto notamos as influências de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom amplamente aplicadas ao conceito de um Zelda clássico. A exploração do mundo é aberta desde o início do jogo e você pode fazer as masmorras do jogo na ordem que preferir. Sim! Masmorras estão de volta e elas possuem papel fundamental para a narrativa, assim como nos jogos pré Breath of the Wild. Além disso, as receitas mirabolantes dos dois jogos anteriores retornam como bebidas em formato de “smoothies”, que podem ser feitas utilizando materiais encontrados pelo mundo.
A resolução das dungeons e a exploração do game são maravilhosamente ampliadas pelo poder dado à Zelda. Seu cajado mágico é capaz de copiar qualquer objeto ou ser existente neste mundo e criar um “eco” dele. Desde uma cama, para uma cochilada rápida em meio a um chefe, a um White Lynel, Zelda consegue reproduzir tudo com seu cajado e utilizá-los ao seu bel prazer. Além disso, Tri funciona como a Ultra Hand de Tears of the Kingdom, e pode “agarrar” diversas coisas pelo cenário. Essas duas habilidades, que podem parecer simples, dão um tom totalmente novo ao jogo e abre caminhos fantásticos para o que pode ser feito (literalmente). Não tem um eco forte o suficiente para derrotar um inimigo? Por que não agarrá-lo com a habilidade de Tri e levá-lo ao fogo ou um lago e ver o que acontece? Ah, empaquei em uma parede no cenário. Tente usar uma aranha e ela irá escalar a parede para você. Junte-se a ela, e você terá a melhor Spider Woman de Hyrule.
E aqui o título do jogo faz juz a escolha da equipe. Somos o eco da sabedoria de Zelda. Decifrar quebra-cabeças cabeças clássicos com ferramentas completamente novas se torna algo extremamente prazeroso e divertido, além de extremamente inventivo para um jogo que, pelo menos eu, não imaginava como poderia inovar após dois colossos no Nintendo Switch.
Veredito: Obrigatório
Zelda Echoes of Wisdom prova, novamente, que a franquia Zelda não é à toa uma das mais aclamadas da história dos games, mas também uma das mais inventivas. Controlar Zelda é um respiro de novidade e genialidade que mostra que mesmo títulos aclamados podem (e devem) tentar coisas novas. Zelda é carismática, fofa e versátil de formas totalmente distintas do nosso amado Link. E a franquia pode sim seguir caminhos ousados, mantendo sua tradicionalidade sem perder de vista a coragem de arriscar novas empreitadas. É obrigatório!
Jogue se você curte: Zelda obviamente, causar mais problemas ao tentar resolver algo, O Hobbit, ideias mirabolantes.
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