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Tomba! Special Edition – Nem de mais, de menos e demais.

Quando se está há muito tempo nesse mundo de jogar coisas antigas em plataformas mais modernas, acabamos sendo expostos há possibilidades que só estão sendo popularizadas agora, curiosamente. Tomba! Special Edition é um exemplo bem claro desses.

Gênero: Adventure Plataforma
Lançamento: 01/08/2024
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch
Tem idioma PT-BR: Não. Mas tem PT-PT :c
Desenvolvido por Limited Run Games
Publicado por Limited Run Games

Revivendo um clássico com pouquíssimas mudanças

Vamos dar nomes aos bois aqui: Tomba! Special Edition parece muito um caso de escolhas certas e bem feitas num emulador. Não existe praticamente nada que alguém já tenha atingindo com emuladores – em especial os mais recentes – e talvez até um pouco mais, neste jogo. O que ele tem de novidades são certos extras que adicionam bastante caso você seja muito fã da série Tomba. Então avaliar um remaster que não muda muito, tal qual você poderia jogar num emulador, é uma missão meio complicada.

Se você nunca jogou, Tomba! se trata de um adventure plataforma lançado oficialmente em 1997, desenvolvido pela WhooPee Camp, para o Playstation 1. Naquela época, Tomba! trouxa bastante coisa diferente do que se tinha em termos de game design, gameplay e gráficos. Essa sensação permanece nesse remaster, embora numa escala muito menor. Você não vai passar de fase em fase, vendo um overworld como um Mario da vida, mas vai explorar quase um proto-Metroidvania que é interligado através de missões e tarefas que os habitantes do mundo te darão. Em sua maioria, as missões são bem simples, como “pegue X itens” ou “encontre NPC tal”, mas algumas que simplesmente surgem como consequência da curiosidade de quem joga, quase como uma recompensa por fuçar por aí, é algo bem legal que não vemos jogos fazendo hoje em dia. É bem legal ver que Tomba começou isso em 1997, algo que foi elogiado em certa medida na época, com a exploração em planos de profundidade diferente e tudo mais.

Isso ainda gera uma sensação legal, de você querer fuçar cada um dos lugares que visitamos atrás de AP (que é apenas uma pontuação para uso mais arbitrário, como algumas missões), mais itens, interações entre as várias armas e ferramentas que nosso garoto selvagem usa e segredinhos legais.

Essa ideia é ainda mais ampliada quando a nos damos conta da forma genial que os lugares de Tomba! são interconectados de uma maneira tão simples e bem feita que dá gosto explorar. Mesmo com o fato do jogo não te dar muito em termos de “atualização” gráfica – já que o 16:9 que o jogo tem é só uma esticada sem upscaling – os cenários 3D misturado com o spritework lindíssimo ainda segue charmoso demais. O level design não é perfeito e mesmo na época se fazia necessário uma forma mais simples de revisitar lugares, já que há backtracking, mas ainda é um jogo que, a primeira vista, vai te encantar visualmente. Na segunda vista, vai te prender e na terceira, vai te fazer apaixonar.

Gostosinho de jogar

Não mudou muito como se joga, mas isso é bom

Tem que ser dito aqui que o que Tomba! Special Edition fez em termos de jogabilidade deve ser parabenizado. O trabalho de “readequação” para os dias de hoje foi muito bem feito, fazendo com que eu me lembrasse imediatamente da sensação de “caraca, como é gostosinho jogar isso” que Tomba me trouxe da primeira vez que joguei no PS1. O garoto selvagem vai pular, correr (quando você aprender), agarrar e arremessar seus inimigos com uma precisão boa – um pouco difícil de acostumar no começo, mas boa de qualquer forma – e vai adicionar àquela sensação que falei anteriormente de “gostosidade explorativa” que Tomba! traz. Se você gostar de sofrer, pode mudar para os controles digitais, mas não faça isso. Fique nos analógicos mesmo.

Aliás, isso transforma ele num jogo bem legal no que tange o combate e a exploração do jogo, porque o Tomba sempre interage, de alguma forma, pulando. Você vai se agarrar em traves para saltar mais adiante, em beiradas para subir, em paredes para escalar, inimigos e objetos para arremessar… mas nem sempre essa é a resposta. A experimentação é algo que o jogo, no seu primeiro tutorial, te incentivará e você não perde absolutamente nada em fazer isso, principalmente porque as interações podem alterar o resultado das coisas. Por exemplo, logo no comecinho do jogo, há um sapinho escondido em um arbusto um pouco mais alto e para capturá-lo você precisa pular nele. Mas o sapo só é, de fato, visível caso você use seu black jack para cortar os matos e vê-lo. Logo mais adiante no jogo, uma floresta de bambus tem algo parecido com marshmallow gigantes nas pontas e quando Tomba pula neles, você pode agarrar e arremessá-los em inimigos. Isso revela as pontas afiadas do bambu em questão, transformando o jogo pelo jogo. É o que Tomba! Special Edition faz de mais incrível: mudar o que você vê, faz e interage com através do que você, faz e interage com.

A premissa básica de enfrentarmos os Sete Porcos Malignos e recuperarmos o Bracelete Mágico do Avô ainda é a mesma, sem tirar e nem pôr, inclusive o humor besta e pastelão. Como se SETE porcos feiticeiros malignos já não fossem “meme” o bastante, temos flores que peidam quando pulamos nela, NPCs com trocadilhos e piadas infames que parecem ter saído diretamente da cabeça do Samuca. Você vai dar umas risadas bem gostosas jogando Tomba! Special Edition, ainda mais com a localização que teve algum trabalho revisão.

Tem coisa demais pra fã aqui

Mas teve mudança, no final das contas?

Tivemos algumas mudanças, mas como foi dito no começo do texto, elas não são tão significativas assim, mas serão muito bem vindas para os fãs da série. Os extras, como manuais oficiais (tanto US quanto JP), propagandas de TV e impressas e (a mais legal) uma entrevista com o diretor e criador da série são acessíveis logo de cara no Menu Inicial. Outro ponto que ficou bem legal e é a trilha sonora recomposta e rearranjada, que acaba por dar um frescor muito bem vindo ao jogo que, sendo honesto, merecia mais destes frescores. Digo isso porque com uma busca bem feita no seu indexador favorito já vai te mostrar que a cena de emulação já faz upscaling incrível em jogos do PSX para 16:9 e Tomba! Special Edition traz só uma esticada sem vergonha. Filtros? Só CRT e olhe lá. Uma certa estação de patos já faz um trabalho ainda mais embasbacante graficamente nesses jogos há algum tempo.

O jogo também permite saves em qualquer lugar – o que é ótimo – e algo que a cena de emulações já fazia, que é a capacidade de retroceder para um momento passado. Para quem considerar o jogo difícil ou só quer sacar o que ele fez na época, só ir fundo.

É só uma esticada sem nada demais

Veredito: Dê uma Chance

Tomba! Special Edition é um remaster que se faz necessário somente pela necessidade de preservação dessa obra do passado, mas com exceção de suas pequenas adequações de jogabilidade analógica e trilha sonora rearranjada, tem tudo que alguém atento à cena de emulação já fazia. Pelo preço de lançamento de R$ 59,90 no Steam, R$ 79,90 no PS5 e R$ 113,90 no Switch, precisava pensar mais nos aspectos a serem retocados. Fica o feedback para o vindouro Special Edition do 2.

Mesmo assim, a jogabilidade crocante e deliciosa, o humor idiota e direção de arte bem legal e de Tomba! Special Edition ainda valem a pena e servem de lembrete de uma época em que ousar, infelizmente, não custava caro.

Jogue se: você curtiu muito Tomba! no passado, gosta de ideias meio diferentes e humor besta.

 

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