StarVaders – Dois pra esquerda, um pra direita e bum!

Não é novidade que aqui no Galinha, ambos os hosts tem uma predileção escancarada por roguelite deckbuilders. Talvez seja sua primeira vez aqui no site (ou no Galinha como um todo) e eu não posso queimar muito espaço desse review me explicando – mas você pode assistir à live que eu fiz jogando StarVaders e também ouvir nosso epi dedicado aos deckbuilders – mas eu tenho que dizer que embora pareça haver um princípio de burnout dentro do gênero, creio que estamos chegando no topo da curva no gráfico. StarVaders é sintomático disso e é um sintoma dos bons.

Gênero: Roguelite, Deckbuilder
Lançamento: 30/04/2025
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Pengonauts
Publicado por Joystick Ventures, Playworks

Cê quer combo? Vem pegar

Esses dias tava conversando com o Samuca sobre como uma das melhores (e talvez principais) coisas que um roguelite deckbuilder tem que ter é, além da capacidade de combos irados que fazem o jogador se sentir um Deus destruindo tudo no campo, a delicadeza de não te entregar estes combos e sim fazer você descobri-los. Mais do que matar todos os inimigos, entender como uma carta aparentemente ruim e inútil se integra com um combo sinistro é parte integral, indissociável e deliciosa de um jogo como StarVaders.

E StarVaders te dá isso com tudo.

Para além de se diferenciar bastante dos deckbuilders por aí, já que ele é jogado em um tabuleiro vertical de grids e o principal objetivo é impedir que os invasores cheguem numa linha específica desses grids, a forma como o jogo se porta é digna de atenção e nota de muita gente que deseja entrar nesse gênero.

O resto todo é feito em turnos: no seu, você usa as cartas para executar as ações, como esperado e nos dos inimigos, cada um deles executa sua ação. Se Mega Man Battle Network fosse mais puxado para o lado do Star Force e fosse baseado em Space Invaders, só que por turnos, você teria aí a base de StarVaders. Mas veja: isso é só a base.

Isso porque cada um dos robôs possui uma série de cartas base e que mudam ligeiramente sua forma de jogar de acordo com quem está pilotando, criando tantas camadas estratégicas e possibilidades que algumas variações chegam a parecer personagens completamente diferentes. Quer jogar com um deck direto, de movimento e atirar? Tem. Prefere coisas elaboradíssimas como usar o mapa de maneira geometricamente estratégica para ricochetear um único disparo por turnos infinitos? Pode também. Adicione aí uma miríade de cartas e trinkets que podem quebrar as regras do jogo no maior estilo The Binding of Isaac e você tem resultados satisfatórios demais. Outro fator que fez uma diferença gritante pra mim é o botão de reroll: diferente da maioria dos seus colegas de gênero, esse botão é único e é utilizado para rerrolar (e tem implicações dentro da lore, 10/10) qualquer coisa no jogo. Você pode refazer um turno, você pode mudar as cartas que vai pegar como recompensa no fim da partida, você pode trocar quais desafios estão disponíveis para você. Sensacional mesmo.

Acho que isso pode gerar uma curva de aprendizado um pouco incômoda pra alguém que só se apaixonou pelo que viu sem jogar. Grids e movimentação implicam em mais coisas para você se atentar. Afinal, seu posicionamento é importantíssimo, mas impedir que os inimigos cheguem na “linha” de derrota é muito mais. Não é algo detrimental, mas algo que pode acabar afastando uma galera que quer algo um cadinho mais casual. Outro ponto que eu mudaria¸ mas não é necessariamente ruim, é que os outros robôs estão bloqueados atrás de condições um pouco altas (atreladas a vencer runs em dificuldades maiores). Isso não é problema para mim, mas acho que pode gerar barreiras um pouco desanimadoras para quem está jogando. Felizmente, as runs são bem curtas (não mais do que 30~40 mins) e isso permite tentar mais vezes e a variação das possibilidades é grande o suficiente para não enjoar.

Mais do que belo: intencionalmente bonito

StarVaders é muito bonito mesmo. A arte desse jogo é algo que eu não sei como descrever. Não tô falando da qualidade em si, porque eu já deixei bem claro, mas o estilo em si é algo bem único. É quase como se os devs quisessem misturar anime e HQ ao mesmo tempo e isso transborda de uma forma tão única pra dentro do jogo com os “mini” bem detalhados e fofinhos. Me fazia, às vezes, esquecer que esse jogo não é exatamente bonitinho e fofinho. É um jogo sobre seres humanos que estão se protegendo de uma série de aliens invasores que estão decididos a apagar-nos da existência.

Um misto de aquarela e sonhos…

Durante o jogo, cada escolha de fonte na UI, cada desenho de planeta, cada personagem é único e intencional. A aparência que parece conceitual de propósito, a falta de delineamento interno em troca de um aspecto aquarelado, personagens que parecem ter linhas de esboço mais marcadas (novamente de propósito) conversam demais com a lore proposta pelo jogo. Não a premissa, a LORE DE FATO, o que tem rolado “por trás” das suas runs e o que te possibilita (integrando todos os aspectos do jogo) a fazer múltiplas tentativas. Isso é algo que me chamou tanto a atenção que, embora eu tenha amado a parte da jogabilidade desse game, eu fiquei tentado a voltar nele várias e várias vezes para admirá-lo e ouvi-lo mais.

E, sem conhecer a equipe de Devs, acho que peguei o intento dessa equipe: StarVaders não quer contar uma história inventada… ele conta a história de amor desses devs por suas principais influências e inspirações. Da arte marcante à trilha sonora que só reforça esse meu ponto, é possível ver que essa é uma obra de amor e carinho com memórias e uma vontadezinha de fazer “o jogo dos sonhos”.

Parece concept, mas é a tela de seleção MESMO

VEREDITO: RECOMENDADO

Isso, só por isso, já conseguiu sustentar suficientemente o jogo para mim: é o jogo da vida dessas pessoas. O tanto de carinho que você vê nas múltiplas mecânicas, personagens, artes e trilha sonora exalam uma vontade de criar jogos e torcer para que você goste. A curva de aprendizado pode ser um pouco desafiante caso você não tenha costume com deckbuilders, especialmente os que tem um elemento tático incluso, mas não deixe isso te intimidar: StarVaders é um projeto de carinho que merece demais sua atenção e vai te prender por algumas boas e divertidas horas.

Jogue se você curte: Mega Man Battle Network, robôs gigantes e jazz fusion
Agradecemos demais ao pessoal da JF Team, Pengonauts e publishers pela chave cedida! Cês são feras demais! BOOM!

 

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