Spell Rogue – Cuidado pra não ficar acordado até tarde

O que acontece quando um estúdio indie decide fazer um jogo absolutamente inspirado em Slay The Spire e Dicey Dungeons? Bom, depende. Muitos tentaram e caíram em algum momento – balanceamento, diversidade de builds, personagens jogáveis… Embora olhando rapidamente pareça fácil “imitar” um jogo de sucesso, tem muita coisa por trás de um grande sucesso. SpellRogue não esconde suas inspirações nesses dois clássicos (e excelentes, jogue!) indies – as semelhanças com Slay The Spire e Dicey Dungeons são muitas, desde as mecânicas até a interface do jogo, mas o que importa é: temos aqui um jogo divertido, cheio de conteúdo, e bem balanceado. E o que mais a gente poderia pedir?

Gênero: Roguelite, Deckbuilder
Lançamento: 24/04/2025
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Guidelight Games
Publicado por Ghost Ship Publishing

Fadado ao sucesso

Pra quem já jogou Slay The Spire e Dicey Dungeons, posso explicar em uma frase o que é SpellRogue. Imagine Slay The Spire, mas ao invés de cartas, o sistema de batalha é com os equipamentos (que aqui são magias) e dados de Dicey Dungeons. Pronto. Pode pular pro próximo parágrafo. Agora, pra quem não conhece esses dois jogões, vale uma rápida explicação. SpellRogue é um roguelite deckbuilder no qual você avança por três mapas enfrentando batalhas, encontrando eventos aleatórios, descobrindo segredos, encontrando personagens e derrotando chefões. As batalhas funcionam através da rolagem de dados, que devem ser utilizados para ativar magias (mais sobre o combate daqui a pouco). Foi derrotado? Volte para o começo, mas não antes de liberar várias novas magias, artefatos e outras coisas que podem aparecer durante a sua próxima partida. Dessa forma, cada derrota acaba avançando o seu jogo, e você sempre inicia a próxima partida um pouquinho mais forte do que a anterior.

O mapa de SpellRogue, que não esconde sua inspiração em Slay The Spire.

O jogo absolutamente não esconde sua inspiração em Slay The Spire, especialmente quando se trata da estrutura e economia do jogo e da progressão de cada partida. Mas, bem, Slay The Spire é excelente, e SpellRogue consegue imitar essa excelência com sucesso. Os eventos são variados, os inimigos e chefões mudam bastante de uma run pra outra, e com isso o jogo consegue andar tranquilamente naquela linha tênue de todo bom roguelite: a linha entre a repetição e a repetitividade. Por ser um roguelite, é claro que o jogador encontra coisas repetidas: cartas, inimigos, eventos, etc. Isso é, inclusive, parte do progresso do jogo – aprender o que cada coisa faz e, com isso, saber como encarar aquele desafio ou encontro da melhor maneira. Ainda assim, cada nova partida precisa introduzir novidades e escolhas intrigantes, caso contrário o jogo fica repetitivo e uma run começa a parecer demais com a anterior. SpellRogue executa esse equilíbrio com sucesso, e o principal fator pra isso é a grande variedade de mecânicas em cada um de seus personagens jogáveis.

Quatro personagens para escolher. Meu favorito é o Azir, de fogo.

SpellRogue conta com quatro personagens – quatro magos que representam os elementos de ar, fogo, água e terra, cada um com suas mecânicas próprias. O legal é que dentro de cada um desses personagens o jogador conta com diferentes arquétipos, então uma run com Azir, o mago de fogo, pode ser bem diferente da outra. O único lado negativo é que essas diferenças são introduzidas em uma velocidade bem frenética pro jogador. SpellRogue definitivamente não é um jogo pra quem nunca jogou um roguelite na vida – os diferentes status e nomenclaturas e ícones e mecânicas são numerosos e foram um tanto confusos no começo, até pra mim que já jogo roguelites há tanto tempo. E aqui não estou falando da dificuldade do jogo – que é bem balanceada. O que quero dizer é que o jogo demanda leitura, atenção e raciocínio desde o início da primeira run, o que pode acabar afastando jogadores menos pacientes.

Trago dados

Todo roguelite foi feito pra ser quebrado. E, veja bem, existe uma diferença do tamanho do mundo entre um jogo ser quebrado por si só, e um jogo ter a possibilidade de ser quebrado por um jogador habilidoso. Roguelites, desde os de ação como Hades até os deckbuilders como SpellRogue, precisam desafiar o jogador a encontrar sinergias e estratégias que sejam satisfatórias. O melhor exemplo disso são cartas, itens, artefatos, etc que, superficialmente, parecem ruins (“-1 HP para o seu herói!”) mas que, combinando com outras coisas, tornam-se poderosos. SpellRogue tem bastante disso – os efeitos das magias não são simplesmente positivos ou óbvios, mas são efeitos que, se combinados de maneira inteligente, resultam em combos espetaculares.

A tela de combate de SpellRogue.

Mesmo com tanta coisa, o gameplay de SpellRogue é relativamente simples – você rola dados e encaixa ele nas magias, que requerem números específicos para que sejam ativadas (idêntico ao sistema de Dicey Dungeons). A magia pode pedir um número específico de 1 a 6, pode pedir um dado PAR ou um ÍMPAR, ou pode pedir uma soma total – por exemplo, uma magia que indica *8* entre asteriscos requer dados que, somados, resultem em pelo menos 8. Em todo momento da partida o jogador está melhorando seu deck de magias ou adicionando algo ao seu arsenal. São poções de uso único, artefatos que alteram como coisas básicas do jogo funcionam, upgrades pras suas magias, aumento do número de “slots” de magia disponíveis… A progressão constante e satisfatória do jogador, que começa um mago com poucos poderes, e termina um poderoso feiticeiro elemental, é um dos pontos mais legais do jogo. Além disso, o jogo ainda tem uma montanha de extras, como modificadores customizáveis pras partidas. É muita, mas muita coisa pra aproveitar

Comprando novos feitiços, artefatos e outras quinquilharias mágicas.

 

Veredito: Recomendado

Dados os jogos em que SpellRogue se inspira e o cuidado que os desenvolvedores tiveram com as mecânicas, visual e balanceamento do jogo, fica claro que esse roguelite estava fadado ao sucesso. Com uma montoeira de possibilidades de builds, personagens interessantes de jogar, mecânicas bem variadas e muitos segredos pra descobrir, SpellRogue é um jogo feito pra fãs de Slay The Spire, Astrea, Dicey Dungeons, Monster Train, Roguebook… Não curte o estilo? Bem, não é Spell Rogue que vai mudar sua cabeça. Mas se você gosta, pode comprar de olhos vendados.

Jogue se você curte: Astrea, Slay The Spire, roguelites, dados

Muito obrigado ao pessoal da Guidelight Games e Ghost Ship Publishing pelo código dado para esse reivew! Vocês são feras demais!

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