Desde Celeste, de tempos em tempos, temos visto alguns jogos de plataforma que apresentam camadas de dificuldade que não são selecionadas num menu ou coisa do tipo, mas sim, através do que desejamos fazer dentro jogo.
MainFrames é um desses jogos. Um jogo que me fez tremer de maneiras diferentes: um pouco de raiva, emoção e, principalmente, animação.
Gênero: Plataforma
Lançamento: 06/03/2024
Plataformas: PC, Switch
Tem idioma PT-BR: Sim
Tem telecinese: De uma certa forma…
Desenvolvido por: Assoupi
Publicado por: The Arcade Crew
Estética retrowave, jogabilidade moderna
MainFrames é um daqueles jogos que vai te chamar muito a atenção, logo de cara, pelo visual agradabilíssimo que ele tem. A gente já vê uma estética bem retrô de PCs antigos, brancos, extremamente barulhentos e por pouco não movidos a manivelas. A emulação de um monitor antigo – de tubo – com scanlines, a “pancinha” do tubo e até mesmo bordas brancas maravilhosas de um monitor velho passam essa sensação de que estamos vivendo uma aventura antiga. Ora, nosso protagonista é um “disquete” (símbolo que se você tem menos de 20 anos talvez conheça como “salvar” e não um disquete) que anda por aí interagindo com apps, admins e etc.

Mas a “velharia” fica só nisso, já que MainFrames é muito moderno em seu game design. Tudo nesse jogo é “meta”. As plataformas não são pedaços de chão/pedra/terra: são janelas de programa que estão em Áreas de Trabalho. Inimigos? Não. Bugs. Poderes? Não, “Permissões”. NPCs? Não, Admins. Molas? Não, “BUMP.exe”. Cara, nosso protagonistinha, em determinado momento, acha um cursor de mouse – a famosa setinha – e a tira de uma janela de programa no maior estilo Rei Artur. Daí, algumas janelas poderão se controladas com seu mouse (ou touch no Switch) e isso foi o suficiente pra me deixar animado e jogar cada vez mais. Tudo isso com um pixel art que beira o ridículo de tão gostosinha e bem feita que é.
Difícil só se você quiser, mas a surpresa é grata!
OK, existem certos puzzles e plataformas aqui que me fizeram morder minha mão de raiva, mas acho que isso é o mínimo esperando de um plataforma de precisão. O controle é preciso, sim e o game design vai te ensinar muito mais pela dor do que pelo amor, mas a real é que MainFrames é táo difícil quanto você quiser dele. Você não precisa coletar todos os Daimons – criaturinhas que estão espalhadas pelos mapas com pulos um tanto quanto chatinhos de serem feitos – ou ajudar todos admins – jump puzzles arrombadíssimos e bem criativos – para completar o jogo, mas é o que vai te trazer maior satisfação. Conseguir fazer um pulo complexo e ver a recompensa mais tarde são sensações constantes pra quem jogar. E inclusive, eu que amo jogos difícieis, tenho que dizer algo sobre MainFrames:
Eu me sinto burro com puzzles. Sim. Eu entendo todo o desafio e paixão de um puzzle e tal, mas me sinto burro porque não consigo ver a solução de maneira rápida e meu cérebro cansa rápido demais. Mas MainFrames fez um bem danado pra minha autoestima e cérebro, apresentando puzzles que não são exatamente fáceis, mas que a grande sacada é pensar não na solução, mas sim o quão complexo REALMENTE é o puzzle. Na maiora das vezs, puzzles vão parecer hiper complexos de serem resolvidos e… não. Basta dois ou três movimentos e tá lá a solução.
“Solução pratica > solução mirabolante”. Isso é muito moderno.

O que, porém, dá uma descascada nessa jogabilidade toda são os controles de certas funções além do pulo que precisam de uma polida. Movimentar janelas com o “mouse” é MUITO sensível, escolher as outras janelas não tem uma clara dinâmica e, por vezes, encontrei alguns bugs meio chatos. Mas nada que tenha quebrado jogo, só incomodado um pouco.
Só que tem uma coisa bastante recompensadora em MainFrames são os pequenos “dioramas” animados que me fizeram explodir de fofura e de rir. As vezes mostravam os daimons trabalhando ou se divertindo e explicando certas funções e gimmicks. Às vezes, os Admins estavam de boas tomando um cafezinho virtual. De qualquer forma, a demonstração de fofura e carinho dos devs com esse jogo não passou desapercebida e muito menos desapreciada por este que vos fala. Tinham horas que eu só queria resgatar o máximo de coisas possíveis para ver o próximo “diorama” e rir da piada claramente imbecil que foi contada ali.
E embora o jogo seja claramente mais focado no bom humor, a narrativa aqui vai te surpreender. É um daqueles jogos que você olha e não dá absolutamente nada pela história que vai ser contada e, quando percebe, está semi-embasbacado olhando pra tela. A explicação do “porquê” o jogo ser como é e, principalmente, a função do nosso protagonista, vão fazer você sentir um nozinho na garganta antes do coração esquentar.

Veredito: Recomendado
MainFrames é uma surpresa muito grata nesse começo de ano. Confesso que eu tenho um certo medo de platformers de precisão (obrigado pelo trauma, Celeste) e/ou jogos de Puzzle em geral, já que me fazem sentir muito idiota. Mas MainFrames é tudo isso num grau que me deixou tão confortável que eu me vi muito mais sorrindo jogando. Pùzzles não são extremamente desafiadors e tiltantes. Na maioria das vezes, MainFrames é mais fofinho e divertido, recompensando sua exploração, do que – necessariamente – um plataforma de precisão que vai arrancar sua alma e o (restante) dos seus cabelo. Controles precisos e estética maravilhosa me fizeram tremer aqui. De rir, de animação e – vez ou outra – de chorar. Recomendado demais!
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Nossos agradecimentos ao pessoal da Assoupi, The Arcade Crew e Masamune pela key fornecida! Valeu demais, pessoal!