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Kingdom Come Deliverance II – A vez que eu reencarnei como um personagem medieval

e quase não terminei o jogo porque vivi de vender poções por aí

O título gigante ironicamente sintetiza 90% do que eu vivi jogando isso, porque ele me permitiu fazer isso.

Não tô nem zoando.

Kingdom Come Deliverance II não somente é um jogo fantástico em termos de gameplay, como se presta a lembrar que é – antes de qualquer coisa – um videogame para contar o seu enredo rico, variado e de muita qualidade. É também uma obra que eu acho que mais pessoas deveriam ter a coragem de conhecer e muitas vezes, como eu, deixam de ir atrás porque falta brilhinhos na espada.

Gênero: RPG (e mais um monte de coisas)
Lançamento: 04/02/2025
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Warhorse Studios
Publicado por Deep Silver

Que entretenimento nobilíssimo, pequeno Marcos

Das primeiras horas até os momentos finais, Kingdom Come Deliverance II serve numa bandeja prateada uma das melhores histórias que eu já joguei num videogame. Assim mesmo, na lata.

O mais incrível é como Henry e suas desventuras pelo Reino de Boêmia – atual República Tcheca – são previsíveis e ainda assim, graças a forma como é contada (e ao estupendo trabalho de atuação de voz) e à forma como jogabilidade e narrativa se embolam gostoso, KCD2 se torna um negócio bonito demais de se ver, uma verdadeira flor singela.

Acho que um exemplo bacana de como isso funciona é mostrado logo no comecinho do jogo: o “tutorial”, integrado ao rolê inicial do jogo, explica bem como boa parte dos sistemas de jogo são enquanto situa novos jogadores (já que KCD2 é uma continuação praticamente direta do primeiro e termina a história de Henry), relembra veteranos e, por fim, situa você num mundo de ficção histórica.

Força, Henry. É só mancha de sangue, sai fácil.

“Puta Imersão, meo”

Odeio esse argumento com todas as minhas forças e mesmo assim, vou ter que usar ele para elucidar o que eu acho o segundo ponto mais incrível de Kingdom Come Deliverance II: a imersão feita através do gameplay.

Se a gente fosse definir KCD2 num gênero, eu chamaria ele de RPG First Person Immersive Sim Sandbox. “Cacetada, tio Leião”, você se surpreende, “mas isso não é só um monte de palavras que no fim significa que eu vou ter que trabalhar enquanto eu anoto coisas numa planilha de excel/sheet ao invés de me divertir jogando?”

Olha, até pode ser. Mas a verdade é que aqui faz sentido. Acredita em mim.

Eu acho ficção histórica um dos (sub)gêneros mais ingratos e complicados de se produzir qualquer coisa na história das coisas que entretém. Primeiro porque é preciso um trabalho monstruoso de pesquisa praquilo ali ter o mínimo de fundamento e segundo – e mais importante pra mim – uma obra de ficção histórica precisa ser imersiva pra daná. E KCD2 te deixa mais imerso que submarino de bilionário entediado.

Não só pelo plot que já citei antes, mas absolutamente tudo é um sistema que você precisa ter calma e fazer de boas pra não dar uma merda meio chata pra você. Quer fazer uma poção/remédio/tônico? Você vai à uma estação de alquimia, abre o livro de receitas e segue passo a passo o que deve ser feito. Não é só escolher no menu. Quer plantar? Vai fazer o mesmo. Quer atirar com armas de fogo antiquíssimas? Vai carregar ela lentamente e manualmente sim. E trate de se lavar depois de lootear um bandido de estrada: a roupa fede, isso chama a atenção, atrapalha interações sociais e pode te dar doenças. E por favor: nada de beber água parada.

O códice é cheio dessas coisinhas aqui. Muita informação legal.

PÔ. Tá me entendendo?! Esses são talvez os exemplos mais famosos e marcantes, mas tem muita coisinha que faz toda a diferença nesse sentido. Daí o “immersive sim”. Não só por isso: muitas vezes, as quests e subquests terão formas variadas de serem concluídas, geralmente estando limitadas só pelas ferramentas de jogo e sua criatividade.

First person é porque – você adivinhou – é em primeira pessoa.

Um pequeno soluço num farto banquete

Kingdom Come Deliverance II é um jogo bonito demais. A forma como ele, com sua estética visual, captura elementos que formam a “identidade medieval” que temos na nossa cabeça sem perder a imersão é bem legal. A identidade visual parecendo com livros e manuscritos medievais, a tipografia gótica e inúmeros documentos que trazem pontos incríveis sobre a época que o jogo se passa só perdem para a magnitude imbecil que KCD2 traz com os mapas de jogo. Cacetada, que jogo enorme. Eu dei uma olhada em fotos, como comparação, e a tradução disso foi tão bem feita que eu realmente me senti explorando matas tchecas (ô quinta-série, me deixa em paz) e outras paisagens da antiga Boêmia enquanto Henry cavalgava por aí.

Mas tem um porém: a performance do jogo no Xbox One (versão que joguei) sofre um pouquinho – mesmo no modo performance. Embora seja compreensível, isso acaba provocando algumas quebras de imersão ferradas que me pegaram de jeito. Os glitches gráficos estavam mais frequentes em grandes cidades. Uma vez ou outra tive um crash. Mas os bugs visuais tavam chatos em determinado ponto. Não testei pós-patches mais recentes, mas aparentemente houve melhoria.

As belíssimas matas tchecas em seu estado mais puro

VEREDITO: OBRIGATÓRIO

Acho que coisas como Kingdom Come Deliverance II explicam de maneira fundamental o porquê d’eu amar TANTO os videogames. Uma história sensacional, uma conclusão maravilhosa, gameplay redondíssima e visuais incríveis fazem dessa a experiência que justificam as raras vezes que o argumento da imersão faz sentido. Justifica, explica e faz valer. Obra-prima.

Jogue se você gosta de: histórias, História, trabalhar pra jogar e jogar pra trabalhar.

Nosso muito obrigado ao pessoal da Deep Silver e Warhorse pela chave enviada! Valeuzão!

Sobre o autor:

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