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Elsie – Ela é ferro e fogo! Él-si-ê!

Com um estilo inspirado em Mega Man, Elsie oferece uma experiência que mistura elementos clássicos de um jogo de plataforma de ação 2D com mecânicas mais modernas de roguelite. Essa mistura, na teoria, é muito interessante e chamativa, ainda mais para quem gosta de Mega Man e tem poucos jogos que conseguem preencher esse espaço. No caso de Elsie, a Knight Shift Games tentou fazer um jogo que pudesse preencher esse espaço, porém parece que algumas arestas ainda precisam ser aparadas. Ao mesmo tempo que temos elementos artísticos legais e uma jogabilidade funcional, problemas se somam de uma forma que minam a experiência geral do jogo e que conversaremos a seguir. Então, compartilhe o texto com mais pessoas para ajudar o Galinha a continuar produzindo mais resenhas e podcasts e vamos para a review de Elsie.


Gênero: Ação, Roguelite, Aventura, Plataforma 2D
Lançamento: 10/09/2024
Tem idioma PT-BR: Sim
Plataformas: Steam, PlayStation 4 e 5,  Switch
Desenvolvido por Knight Shift Games
Publicado por Playtonic Friends

Roguelite + Megaman?

No jogo você é Elsie, uma androide produzida pela doutora Grey, uma cientista de alto nível, para recuperar outros robôs que cuidam dos desastres naturais. Esses robôs, chamados de Guardiões foram consideradas desaparecidos e, por isso, Grey lhe envia para jornada. É uma premissa que se inicia simples, mas conforme você passa pelas runs típicas de roguelite, a história se complexifica e mostra algumas reviravoltas interessante.

A jogabilidade de Elsie oferece comandos responsivos e uma variedade de habilidades, como tiros, pulos, dashes e contra-ataques. Contudo, a mistura de mecânicas de Mega Man com elementos de roguelite não é sempre suave. Enquanto o jogo apresenta uma jogabilidade metódica de ao estilo Mega Man, a repetição dos cenários e o pouco incentivo de explorar o cenário, torna a experiência, às vezes, cansativa. Nem sempre a experiência roguelite, dinâmica, fluem bem. 

Isso se deve ao fato de que certas mecânicas e upgrades fazem com que tenhamos que seja difícil criar um fluxo que se sinta o controle do personagem e suas habilidades. A mecânica de parry, por exemplo, ela é obrigatória em certos momentos para tirar um tipo específico que aparece nos inimigos. Isso faz com que você precise se adaptar a situação e pensar somente aquele inimigo dentro da lógica do parry, o que poderia ser interessante, porém ela acaba deixando as coisas desnecessariamente confusas porque exige um tempo específico demais para fazer o contra-ataque depois do parry. Isso foi muito estranho lidar no jogo porque tem cenários de arena que sobravam um inimigo com esse escudo – maldito – impenetrável, forçando-me a precisar remove-lo para poder destruir. O problema é que a mecânica parece ser difícil com alguns inimigos e fácil com outros. O resultado é que em algumas vezes eu tentei realizar essa mecânica por minutos e, por sorte, eu tinha um especial que eliminava o escudo para matar o inimigo e não ficar preso em um softlock. Gente, eu gosto de parry, porém ela precisa ser satisfatória para você querer correr o risco inerente a mecânica. 

Gráficos bonitões, mas tem mais do que um “mega man roguelike” aqui

No lado dos upgrades, que são base importante de um roguelite, temos um grande potencial que é desperdiçado. Os upgrades podem alterar a quantidade de dano, o modo como as balas atuam no cenário ou adição de alguma coisa a uma mecânica de movimento, como o dash. Esses upgrades podem ser acessados quando você sobe de nível em uma seleção de quatro por vez. O problema é que as armas diferentes são encontradas durante as fases e não aparecem rapidamente na run, fazendo com que você seja compelido a escolher upgrades que possam atuar na sua arma básica. O resultado disso é que quando aparece uma arma diferente, você prefira manter a arma básica porque já existe um início de build feito baseado nela. Sério, poucas vezes foi vantagem pegar a arma sugerida na fase.  

E isso é uma pena, porque o jogo oferece recursos de combate legais em que precisa gerir recursos. Explicando objetivamente, temos três botões de tiro. Um deles é a arma básica que gasta a barra de energia e os outros dois acionam tiros especiais de quantidade limitada. Desse modo, você tem que fazer a gestão dessas armas. A barra de energia, por exemplo, funciona como um tipo de estamina em que você a consome com tiros básicos ou dash. Já os tiros possuem algumas possibilidades de golpes mais fortes. O problema é que esperamos algo mais potente nos tiros especiais, mas às vezes eles causam pouco impacto, ou seja, não são empolgantes, apenas funcionais.

O nível de dificuldade oscila de um modo chato entre o fácil e o difícil (quase injusto), especialmente nos encontros com alguns chefes, demonstrando um desbalanceamento do jogo que transforma algo com potencial em algo negativo. Por exemplo, há uma variedade de chefes que são muito diferentes em níveis de dificuldades que me fizeram pensar que talvez fosse melhor terem feito menos chefes para que fossem mais trabalhados. A experiência com chefes parece muito bruta e pouco lapidada.
Eu tive experiências contraditórias, em uma delas fiquei num lugar específico e filtrei o life do chefe inteiro sem estratégia alguma. Em outros chefes, no mesmo ponto de run, fui habilidoso e estratégico e mesmo assim foi difícil e interessante. 

Já no design de fase, temos inimigos que aparecem em posições bem injustas ou locais que você cai acreditando ter plataforma e acaba encontrando um buraco ou espetos. No geral, o game funciona, mas vale a pena dizer que esses momentos quebram muito o ritmo do jogo.

Vale apontar que as fases funcionam no sequencialmente de telas tradicionais de plataforma 2D e não possuem seleção de caminhos/portas. Isso é uma pena porque diminui a possibilidade de planejamento da run. Há até uma seleção de cenário no final da run depois de matar o chefe, mas é para duas fases por vez, apenas – é até legal que lembra um pouco Mega Man.

Personagens e Desenvolvimento

Elsie, como personagem principal, possui uma personalidade comum de herói, com uma bondade ingênua. A narrativa do jogo, embora não seja profundamente original, evolui de forma que as interações entre personagens acrescentam camadas à história, superando o tradicional maniqueísmo encontrado em jogos como o próprio Mega Man.

No controle da androide Elsie, produzida pela doutora Grey, o jogador enfrenta desastres naturais e robôs Guardiões que se voltaram contra sua criadora. A narrativa se desenvolve de maneira simples, mas interessante, com reviravoltas que conferem profundidade à premissa inicial. A ambientação, com gráficos e design de personagens que remetem fortemente à série Mega Man, enriquece a experiência, enquanto a trilha sonora, com uma vibe de ação e aventura, complementa bem o cenário.

Experiência com sentimentos mistos

Embora tente integrar a jogabilidade de Mega Man ao universo roguelite, Elsie não é exatamente inovadora, especialmente considerando que jogos como 20XX já exploraram essa combinação. Ainda assim, a tentativa de diversificar o gameplay com upgrades merece ser valorizada, mesmo que a execução não seja perfeita.

Dito isso, a experiência geral com Elsie é mista. Quando as runs fluem bem e os upgrades se alinham, o jogo pode ser bastante divertido. No entanto, a dificuldade em experimentar e dominar armas específicas, devido ao sistema de compra e uso de armas, pode tornar as runs repetitivas e frustrantes. O jogo falha em proporcionar uma experiência consistente e satisfatória, o que pode afastar jogadores que buscam um roguelite mais polido.

Vocês sabiam que a atriz de voz da Elsie se chama Elsie?

Tecnicamente, Elsie deixa a desejar em alguns aspectos. Problemas com as opções de acessibilidade, como legendas que saem das caixas de texto, e bugs que podem travar a progressão da jogatina, são exemplos de áreas onde o jogo poderia ter sido melhor refinado. Eu tive travamentos que me fizeram perder a run e foi muito frustrante. O primeiro foi que morri ao mudar de tela por algum motivo que não entendi. Isso me jogou para a tela anterior e com a porta fechada, criando um softlock porque não consegui abrir a porta. Outro foi ao apertar o botão de menu ao trocar de tela que fez com o jogo travasse nas configurações do jogo e não voltasse.  

Apesar dos problemas, a direção de arte é um ponto forte, com cenários e inimigos bem desenhados que contribuem para a identidade visual do jogo.

No lado narrativo, há alguns momentos previsíveis e até decepcionantes. Para exemplificar rapidamente, algumas vezes o final da run é legal, no qual você encontra uma andróide guardiã e tem também uma luta de chefe legal. Porém, em outros momentos, você termina uma run enfrentando um chefe do conjunto básico, mais genérico. Nessa hora, Elsie envia uma mensagem para a doutora dizendo que não tem mais onde ir e ela responde pedindo para que volte para base e você volta para base. Ou seja, alguns runs que não produzem avanço narrativo e terminam com um gosto amargo.

Veredito: Dê Uma Chance

Apesar dos bugs e algumas frustrações, Elsie é um jogo que merece uma chance, especialmente se encontrado a um preço acessível. Com um potencial que pode ser refinado em atualizações futuras, é uma experiência válida para quem busca uma mistura específica de ação retrô e mecânicas modernas. Porém, vale dizer que não é nada fantástico.

Elsie é recomendado principalmente para fãs de Mega Man que apreciam o gênero roguelite. No entanto, jogadores exigentes em relação ao roguelite podem encontrar a experiência frustrante e desbalanceada.

Jogue se você curte: Plataforma de ação 2D, Mega Man, roguelite

Agradecemos demais ao pessoal da Masamune, Playtonic e Knight Shift Games pela chave cedida!

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