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Dynasty Warriors Origins – Um Verdadeiro Heroi dos 3 Reinos

Se tem uma franquia de jogos que é absolutamente mal entendida são os Musou (Warriors, do lado de cá do Planeta). A grande argumentação para esse mal entendimento é de que “é um jogo que não faz sentido”, afinal, seus personagens comumente deitam na porrada centenas e milhares de soldadinhos com uma única espadada. Confesso que não vejo tanta diferença de um musou para, digamos, Vampire Surivors. A premissa é praticamente a mesma: seja alguém super poderoso e ganhe a batalha. Mas sou capaz de ir além. Muitas vezes, Warriors apresenta o gameplay de desligar o cérebro e espancar soldados com algum objetivo em mente, seja conquistar uma base ou derrotar um general específico.

O grande ponto é que Dynasty Warriors, principalmente agora com Origins, trouxe uma revitalização muito necessária para a franquia desde a capotada que foi com Dynasty Warriors 9. Essa revitialização foi de encontro com muitos outros jornalistas e críticos, dizendo que cada vez mais DW está se perdendo. E eu não poderia discordar mais.

Essa resenha não tem o objetivo de defender Dynasty Warriors Origins. Ela vai mostrar para vocês dois pontos importantes: 1) Porque esse jogo é um Warriors obrigatório mesmo pra quem não é fã da franquia, mas adora jogos de ação; 2) Porque esse é o melhor Dynasty Warrior de todos os tempos.

Gênero: RPG, Ação
Lançamento: 16/01/2025
Plataformas: PC, Xbox One Series e PS5
Tem idioma PT-BR: Não
Desenvolvido por: Omega Force
Publicado por: KOEI-TECMO

Visual normal, mas de uma técnica bizarramente cinematográfica…

Dynasty Warriors Origins não tem nada “demais” no seu visual. Até aqui, tudo bem dentro do que se espera de um DW. Os campos de batalha possuem cores mais opacas, menos gritantes, justamente para que os efeitos de luz (sejam “naturais” ou os provocados por opções e funções do jogo) sejam mais nítidos e são por demais necessários, já que a quantidade de elementos, soldados, generais, cavalos e armas de cerco às vezes pode surpreender você. Não é incomum se ver num mar de gente – às vezes meio perdido mesmo – e ter que usar uma das habilidades do Wanderer, o protagonista silencioso e “sem nome” (ele tem um, mas deixa isso para parte da história e narrativa), de vasculhar o campo de batalha com uma espécie de visão aérea que demarca soldados inimigos dos aliados e indica onde os generais e oficiais estão.

Mas, ainda assim, vinte e cinco anos de Musou ensinaram bem a Omega Force como fazer essa confusão toda fazer sentido. É um caos completamente organizado, por mais antitético que isso seja. Na grande maioria das vezes, você consegue saber onde está e qual parte do combo você está fazendo enquanto dezenas (às vezes centenas) de inimigos estão voando ao seu redor. Os ângulos de câmera que são usados para dar intensidade aos golpes, habilidades e os ataques musou só reforçam esse sentimento, e muito frequentemente vão tirar um “cacete!” de você. O caos organizado está bem nesse tipo de momento: em uma das batalhas mais icônicas da série – a Batalha do Portão de Sishui – houve um momento especifico que, depois de uma carga convocada por um dos generais, a câmera tremia enquanto o som de diversos soldados berrando na direção de um OCEANO de inimigos preenchia o ambiente.

Batalha do Portão de Sishui e o mar de soldados. Eu tô nesse meio, achem aí.

Com o choque dos batalhões, fatiando e furando milhares de tropas inimigas, eu fiz um “True Musou” e a câmera se afastou, para o alto, mostrando que eu tinha feito cerca de 1000 KOs e uma explosão de luz saiu, fazendo os corpos inimigos voarem.  Eu dei um salto da cadeira e berrei nessa hora, sem brincadeira.

A ideia de um Musou, ao meu ver, é fazer você se sentir um verdadeiro herói dos Três Reinos. Alguém que só pode ser igualado a um dos seus pares míticos e que soldadinhos comuns não são páreo para sua força e poder. E esse momento fez com que o Wanderer parecesse não um herói, mas o maior herói de todos.

Essas jogadinhas de câmeras são muito frequentes e gostosas de ver em Dynasty Warriors Origins. Os ataques musou ficam ainda mais incriveis, quando o Wanderer é mostrado, em close, sua face cheia de raiva, antes de desferir um porradão que vai fazer muita gente sair voando. Habilidades que envolvem movimentos diferentes, como o do podao (facão chinês) que envolve escalar o oponente correndo e saltar em sua direção, fazendo closes e zoom outs na hora certa. É tudo muito filme de kung fu, tudo muito “COROIO!!!”, sabem? E tudo isso ao som de uma trilha sonora que traz, sim, elementos característicos da música chinesa, mas não se deixa levar por isso na hora da porradaria. O metalzão fritando, às vezes com levadas épicas, às vezes tensa, como pede aquela fase, deixa tudo muito mais climático ainda. O mais legal da trilha sonora dentro do campo de batalha é o aspecto dinâmico que ela tem, variando de acordo com a situação. Se você estiver com a vantagem, a música soa mais heroica e épica; na desvantagem ela fica mais tensa. Pausou? Fica só o ritmo da música te esperando. Tá no empate, ela tá fritando na tua cabeça. Fãs da franquia: Antes de sair correndo do Lu Bu, parem para escutar a surpresinha.

Os veteranos da série com toda certeza vão reclamar bastante dos visuais de alguns dos personagens mais clássicos da série, que retornam ora mais novos, ora totalmente diferentes, mas não deixem se enganar: com raras exceções, os personagens mais jovializados ficaram muito interessantes. É legal ver uma série que se propôs a mostrar a (como o nome indica) Origem dos fabulosos heróis dos 3 reinos nos momentos pregressos a isso. Com exceção de Sun Jian, que já era grisalho naquele tempo, Cao Cao, Liu Bei, Zhang Fei, Xiahou Dun, Huan Guai e tantos outros nomes aparecem aqui com aspectos mais jovens mesmo, mas ainda assim, totalmente reconhecíveis para os fãs da obra literária e da série de jogos.

“Esta noite, quero gravar os traços do seu rosto e som da sua voz na minha memória” G-Guan Yu?! 🥵

… com uma narrativa estranha …

Inegavelmente o foco de Dynasty Warriors Origins não é a sua história. Até porque a gente já sabe tudo que vai acontecer: é baseado no épico “O Romance dos Três Reinos”. E embora haja uma tentativa, sim, de jogar uma luz sobre Wanderer – Ziluan, para os íntimos – e como ele teoricamente teria o poder de afetar o destino da China em tempos tão turbulentos por fazer parte de uma ordem mística sagrada e secreta que promete “proteger” a paz, o jogo não faz isso de uma maneira exatamente convincente. Ziluan é colocado sempre como uma visão importante dentro do mundo, mas seu poder real não está em propagar a paz, mas em fazê-la acontecer em tempos de guerra através da força. É estranho? Muito. Mas faz sentido dentro da narrativa doida dos Três Reinos. Mas também é meio contraditório o fato de que alguém que tenha uma importância tão grande pro mundo não seja tão capaz assim de mudar as coisas. A história geral é… estranha. Porque embora digam que você é capaz de tudo, você é lembrado o tempo todo que não pode fazer absolutamente nada além de escolher o “verdadeiro herói dos três reinos” (um trocadilho com o nome da série, que em japonês é Shin Sangokumusou, literalmente “O Inigualável Verdadeiro (dos) Três Reinos”) e ver a história desenrolar.

Zhang Jiao: verdadeiramente preocupado com o povo (Carisma 18, Sabedoria 8, Inteligência 20)

Mas por outro ladoa forma como os personagens são humanizados graças às possibilidades de relação com, ou só de conhecerem, Ziluan é uma das coisas mais legais já feitas com Dynasty Warriors como um todo. Zhang Fei deixa de ser seu caricato “véi bebum brigão” e é um jovem idealista que tem ciumes e invejinha de como Ziluan e seus irmãos jurados se tratam. Liu Bei fica ainda mais “homem do povo”; Cao Cao deixa de ser só um “Nobunaga Chinês”, como era pintado antes, e passa a ter um ar misturado entre um vilão absolutamente sem piedadeum anti-heroi capaz de tudo. Cacete, até o eunuco bostão do Dong Zhuo tem alguma humanidade em seus diálogos com o Wanderer! O brilho mesmo dessas partes está logo no comecinho do jogo quando Zhang Jiao, líder da Rebelião dos Turbantes Amarelos, é retratado como um verdadeiro idealista e alguém que luta pelos pobres de verdade. A liberdade poética foi dada aqui para incluir Ziluan e o povo dele como sendo quem ensinou muitas coisas para o líder rebelde e também para tirar a pecha de “doido varrido” que TODOS os Dynasty Warriors anteriores punham nele.

Eu sei que é estranho ver um “Warriors” dando um destaque para isso, mas fez sentido aqui em Dynasty Warriors Origins e eu achei bem interessante essa perspectiva. E acho que esse talvez também seja o ponto que vai trazer gente nova para franquia: é muito mais fácil você lembrar quem é Zhang Jiao ou qualquer um dos generais quando eles dividem com você (Ziluan e jogador) seus sonhos, medos, ambições e até flertes (Diaochan, saudades…) e aparentes possibilidades de romance. E isso tem influencia no gameplay: quanto mais elo você formar com um personagem, mais facilmente ele te ensinará coisas, te dará itens e armas únicas, além de facilitar o processo de parceria dentro do campo de batalha, com as skills em dupla e os extreme musou (o ataque especial em dupla) ficando ainda mais fortes.

… com uma jogabilidade MA-RA-VI-LHO-SA.

Mas o que vai chamar a galera para jogar Dynasty Warriors Origins mesmo é a forma absolutamente mágica que o gameplay é capaz de trazer sem abandonar o 1 vs. 1000 tradicional da série e incluindo elementos de jogos mais modernos. Você que nunca jogou um Musou na vidade, é bem simples: você é um guerreiro que está em um campo de guerra e lutando contra um mar de gente. Cada arma/personagem possui estilos de jogos diferenciado, mas no geral, tudo se resume a fazer combos com Quadrado/X e terminá-los com um Triângulo/Y. Quando você bate e apanha suficiente, sua barrinha de “musou” enche e você pode desferir um ataque letal, com área de efeito enorme. Tudo isso acontece enquanto certos objetivos são postos para você e você anda, livremente, nesse campo atrás disso. Enxague e repita até terminar a fase.

Simples, né?

Mas Dynasty Warriors Origins acrescenta mais camadas com algumas coisas bem interessantes. A primeira delas é uma leva de habilidades especiais que podem ser específica de uma das 10 armas utilizáveis por Ziluan (algumas delas, inclusive, clássicos da série, como as alabardas curtas duplas, os chakram…) ou mais generalistas. Essas habilidades consomem “Bravura”, que você conquista dando porrada à revelia nos inimigos ou fazendo a segunda camada de coisas legais: Parry e Esquiva Perfeita. Putz, que tesão é dar um parry nesse jogo. Praticamente escolinha Mikiri Counter de “toma essa, otário”. As habilidades e o sistema de parry e esquivas tornam o jogo muito mais dinâmico e mais legal, saindo de um simples “musou” clássico e criando algo diferente para si sem sair demais do seu terreno familiar. E o melhor disso tudo? É fluido e simples. Jogadores mais veteranos vão se surpreender como isso pode ajudar nas dificuldades mais altas e jogadores iniciantes vão ter aquela sensação de serem fodões, como um Musou de verdade tem que fazer.

Aliás, é preciso dizer aqui: cada arma traz uma variedade de jogabilidade bem interessante e com certeza tem uma para você. Gosta de combates mais acrobáticos? Vai com a lança. Quer equlíbrio entre paulada e velocidade? Espada! Quer massacrar todo mundo? Podao. Quer ser o mestre dos parries e esquiva? Bastão!

Mobilidade, alcance e estilo. O bastão tem todos.

Uma outra adição são as táticas de batalhão. Sim, você tem um batalhão agora que te segue por aí dando porradinhas com você e obedecendo suas ordens: ao entrar no modo de visão tática de Ziluan, você pode ativar uma série de estratégias para seu batalhão. Armadilhas, saraivada de flechas e até mesmo uma carga totalmente sem amor à vida. Essas táticas de batalhão possuem características próprias que podem virar a maré da batalha para você e, se você conseguir fazer um “Sucesso Dramático” – como por exemplo usar de altura para causar mais dano as Flechas – você faz um verdadeiro estrago nas forças inimigas. Além de herói, você é um oficial dos Três Reinos e merece ter um batalhão próprio pra gritar “FOGO!” e eles jogarem fogo nos inimigos de fato. E ser um herói envolve coisas bem legais no campo de batalha, como por exemplo desafiar e ser desafiado para duelos entre generais, rivalidades e outras coisas que essa estrutura mais RPG que Dynasty Warriors Origins puxa.

Aliás, vamos deixar algo bem claro? Dynasty Warriors Origins é um RPG que tem um jogo “musou” como seu sistema de batalha. Você anda pelo overworld e pode encontrar batalhas (não aleatórias) menores para ganhar XP com cada uma das armas, que vai te render pontos de habilidades para distribuir em skilltrees básicas, mas que vão aumentando em variedade conforme você ganha Renome (level) pelas proezas feitas por aí. Equipamentos tem estatísticas e habilidades próprias, você pode equipar acessórios, itens e cavalos (?!) que mudam os stats e a forma com que seu Ziluan desbrava os Três Reinos. Seus amigos e rivais pedem missões extras, sides e outras coisas. Você pode ir nas cidades para comprar itens, armas ou ouvir rumores que liberam batalhas especiais no jogo…

Se isso não é um RPG, eu não sei o que é.

Lá vem o porradão do Ziluan

 

Veredito: Obrigatório

Não é uma pegadinha. Esse é melhor ponto de entrada para quem nunca jogou algum Musou e gostaria muito de tentar. A história pode ser contada de forma meio mequetrefe às vezes, mas humanização dos personagens, suas relações com Ziluan e alguns pontos de plot são interessantes e valem sua atenção. E se isso não for um impeditivo para você, Dynasty Warriors Origins serve muitas horas de porradaria desefreada, com muitos inimigos mesmo na tela, variedade bem legal de armas, habilidades e espetáculo audiovisual. É um retorno inegável às origens, como o nome sugere, mas mudando o ritmo de jogo de “missões soltas que escolhemos um herói” para “RPG com protagonista mudo que muda o mundo”.

Essa é a mudança que eu vi tanta gente reclamando e que, pra mim, foi a melhor coisa que a Koei-Tecmo decidiu fazer com Dynasty Warriors Origins: não tiveram medo de mudar o que precisava ser mudado sem perder (muito) o que caracterizava a série. Ainda é um Musou, mas agora tem outras coisas que influenciam tanto quanto qual personagem e qual arma você escolheu. Ainda é bater num monte de soldadinhos mais fracos, mas agora com enfoque em como esses heróis e lendas da cultura Chinesa se relacionam entre si. Ainda é ter super poderes, mas menos “bote laminado que surfa nos inimigos” e mais “ele voou com sua lança por entre os inimigos”.

Fãs e não fãs, apenas joguem. Se não for por fazer 1000 KOs, que seja para tentar uma novidade diferente dentro dos RPGs.

Jogue se você curte: Porradaria Épica, Filmes de Kung Fu, Matar mil inimigos com uma única porrada, Yaoi

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Nosso agradecimento especial ao pessoal da Masamune e Koei-Tecmo pela chave cedida! Vocês são verdadeiros herois e heroínas dos Três Reinos!

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