Devil’s Drizzle – Sapo Cururu e Satanás, a 80 km/h…

Devil’s Drizzle – ou, pra nós brasileiros, Chuva do Capeta – é um jogo de plataforma 2D que conta a história de um guri de roupinha de sapo que perdeu seu guarda-chuva e, cinco minutos depois, se viu envolvido em uma treta com Pazuzu, rei dos demônios. É, pois é, você não leu errado. E é assim que começa essa aventura que, pela criatividade e bizarrice, só poderia ser de um desenvolvedor brasileiro mesmo.

Gênero: Plataforma 2D
Lançamento: 11/08/2025
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Cozy Creeps Games, Filipe Acosta
Publicado por ZNT Productions

 

Um jogo absolutamente viajado

A premissa de Devil’s Drizzle já chama a atenção. Uma criança perde a sua sombrinha na tempestade porque desobedeceu sua mãe e, por causa disso, encontra um amuleto mágico demoníaco que lhe dá controle sobre os relâmpagos. A partir daí, a criança encontra e enfrenta pesadelos, viaja pelas entranhas do capeta e interage com referências a Castlevania. É uma viagem de drogas muito gigante, e o jogo vai de 0 a 100 muito rápido, e isso é muito, MUITO legal. Uma das melhores coisas em um jogo de plataforma, na minha opinião, é não saber o que te aguarda na próxima fase, e Devil’s Drizzle entrega isso muito bem.

Nessa fase aqui a criança tá explorando o intestino do capeta. E sim, tem gatos lá dentro.

Embora as mecânicas do jogo sejam super simples, os controles são precisos e a criatividade de cada nova fase surpreende. O jogo sabe usar as poucas “armas” que o guri tem a seu favor pra colocar o jogador em situações inusitadas. Sem combates diretos, Devil’s Drizzle tem duas mecânicas básicas: dash e iluminação. O dash é autoexplicativo: o jogador pode apertar um botão pra que o personagem na tela dê um pulinho rápido pra frente, passando por buracos ou avançando no ar. Básico e funcional, como em muitos outros jogos. O mais legal e original, porém, é o botão de iluminar.

Graças ao poder de um amuleto encontrado no começo da jornada, o jogador tem nas mãos a habilidade de evocar um relâmpago para iluminar a fase por alguns segundos. Isso é essencial pois o jogo se passa, na maior parte do tempo, em fases super escuras nas quais é praticamente impossível encontrar o caminho. Isso é de propósito: toda a ideia do jogo é fazer com que o jogador chame relâmpagos nos momentos certos. E é claro que isso não seria de graça – a mecânica de “risco e recompensa” do jogo é bem clara: chamar relâmpagos sempre tem alguma contrapartida. Em um dos quatro mundos do jogo, por exemplo, a cada relâmpago chamado um inimigo brota na tela e te persegue por alguns segundos. Já que o jogo não tem combate, a única opção é sair correndo.

Pixel art com algo a mais

Ao iniciar Devil’s Drizzle, o que já surpreende logo de cara é o estilo de arte. O jogo conta com um pixel art muito bonito, sim, e que entrega de maneira muito legal o que o jogo quer entregar, mas jogo em pixel art bonita a gente vê direto por aí. O próprio Celeste, citado por Filipe como uma das principais influências para o jogo, tem um estilo de pixel art bem parecido. O legal de Devil’s Drizzle é que o visual tem algumas coisinhas que tornam tudo mais legal e que entregam um monte de personalidade pro jogo.

Pare por um segundo e contemple essa pixel art. E sim, você pode “petar” o gato.

Por causa da principal mecânica do jogo que citei agora há pouco, o jogador passa grande parte do tempo tentando encontrar seu caminho por fases escuras, iluminadas apenas momentaneamente pelos poderes de relâmpago do Amuleto. Isso traz à tona a principal característica visual de Devil’s Drizzle: efeitos de iluminação e um contraste super forte, que dá pro visual uma característica muito única. É um daqueles jogos que você bate o olho e identifica na hora – não é só “mais um jogo em pixel art”. E cada fase ainda tem uma arte de capa que é como se a criança do jogo tivesse desenhado num papel mesmo. Muito bonitinho!

Uma pequena aventura

Devil’s Drizzle não é um jogo longo, mas é um jogo com muito amor por metro quadrado. Com um total de vinte e poucas fases, dá pra terminar tudo de boas em umas três a quatro horas. Aqui talvez seja o ponto que outras análises falem “ah, o jogo é muito curto!”. Mas não aqui! O que importa não é quanto tempo o jogo dura, mas quanto o jogo diverte e encanta quem tá jogando. Devil’s Drizzle é encantador a cada esquina, a cada novo personagem, nova arte, nova música. São surpresas a todo momento, que vão de pequenos riffs de metal em alguns momentos do jogo até mudanças bruscas de jogabilidade, só pra ver se o jogador fica ligado.

Ops, um furacão está te arrastando pelo céu e você não quer largar sua sombrinha.

Como todo bom jogo, Devil’s Drizzle conta ainda com diferentes níveis de dificuldade, pra incluir todo tipo de jogador. Como o jogo não tem combate, ataques, barra de vida e etc, não existem caminhos “fáceis” pra ajeitar a dificuldade, mas o jogo faz isso de maneira muito legal. No modo mais fácil o jogador conta com mais checkpoints durante a fase e chefões com mecânicas mais simplificadas. No modo normal os chefões tem mecânicas completas. No difícil, as fases tem bem menos checkpoints. Morrer não tem consequências muito graves, mas você volta pro checkpoint anterior e precisa tentar de novo, então o número de checkpoints durante a fase realmente é um fator importante.

O jogo, como esperado, vem em português (aliás, “brasileiro”, como o jogo chama, o que acho absolutamente correto kkkkk), embora algumas coisas específicas parecem ter ficado em inglês sem motivo aparente, como a palavra “back” pra voltar pra tela anterior no menu, ou uma instrução “look down” em uma das fases. Nada que atrapalhe muito, afinal todos os diálogos e até mesmo a logo do jogo estão localizados.

Veredito: Recomendado

Devil’s Drizzle é um dos jogos brasileiros mais legais do ano. Original, divertido, engraçado, e com uma simplicidade charmosa. As fases são exigentes, mas os checkpoints são numerosos e morrer nunca é frustrante. O audiovisual é lindo, cheio de personalidade, e muito marcante. Esse jogo é um belo exemplo de uma boa ideia com uma ótima execução – e o jogo roda legal tanto no PC quando no Steam Deck, tive a oportunidade de jogar um pouco em cada plataforma. E em que outro jogo você pode dizer que enfrenta o literal capeta pra salvar sua sombrinha-gato?

Jogue se você curte: Celeste, Mario Wonder, plataforma 2D, satanagens, gatos.

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