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Beastieball – Rinha Vegana

Quando foi a última vez que você viu um monster taming que não era baseado em lutas e combate? Apesar de ser mais fácil você ganhar na Megasena, eles existem e justamente por serem tão raros é que ficam numa posição delicada: quando são bons, são muito bons; quando são ruins, são muito ruins. É minha alegria poder trazer esse review para vocês porque, felizmente, Beastieball é bom. Não só:

Beastieball é bom demais.

Gênero: RPG
Lançamento: 12/11/2024¹
Plataformas: PC

Tem idioma PT-BR: Não
Desenvolvido por Wishes Ultd.
Publicado por Klei Publshing
Tem dual tech/tag moves: Sim
¹: o jogo saiu em early access, mas a história toda já está disponível. O conteúdo que ainda será adicionado é post game.

Duelos Esportivos

Além de piloto de mecha, eu costumo ser um bom treinador de monstrinhos. É costumeiro nesse ramo que tudo seja resolvido com porradaria entre as criaturinhas que treinamos. Claro que vez ou outra temos campeonatos paralelos que não envolvam necessariamente porradaria, mas no geral é assim. Vira e mexe, alguém tem uma ideia muito bacana e põe essa ideia para frente. Em Monster Rancher EVO, apesar de usarmos os monstros para batalhar nas explorações, o principal são as apresentações circenses. Em Monster Racers, para o Nintendo DS, os monstros não lutam: competem em corridas.

Saque especial que vai fazer o bicho ficar boladão. Meu time curtiu (sim, aquele ali de roxo sou eu (⌐■_■)

Beastieball é sensacional não só porque coloca um elemento de “duelos” para as criaturinhas, mas porque também faz isso de maneira surpreendentemente boa. Aqui, nossos Beasties duelam em uma competição esportiva que parece um misto de vôlei com queimado. POR TURNOS.

“Caramba, por turnos?!” você pergunta, talvez torcendo seu nariz enquanto lê isso. Sim, por turnos. Mas não é chato, não é arrastado. Partidas entre Beasties são tão rápidas que até o grind aqui é gostoso! Funciona assim:

Uma dupla de beasties enfrenta a outra. Daí, parece vôlei mesmo: se você acertar a bola na quadra do adversário, ponto pra você. Se você acertar a bola no beastie (ou se ele defender), a criatura perde Stamina. Se não zerar, a bola continua rolando. Se zerar, o beastie deixa cair e ponto também. Simples, né? Fácil? Nem tanto. O jogo se dá por turnos, como dito, e os turnos são de “Ataque” e “Defesa”. Durante o “Ataque”, você tem ações para fazer com Beasties, que variam de simples passes ou cortadas até super movimentos que distorcem um pouco as regras ou buffs e movimentos compostos. Durante a defesa, você só tem uma ação. Além de certos movimentos exclusivos, você pode fazer uma rápida substituição com algum beastie seu que está no banco.

Pronto.

E tudo isso corre de maneira tão rápida e fácil que me vi correndo atrás de batalhas (que aliás, não são aleatórias) para upar os beasties. O jogo tem um feeling de RPG antigo muito forte. Além do seu personagem, até 5 beasties te seguem como o seu literal time de Beastieball e isso colabora muito com o clima de esportes que o jogo tem e não poderia ser diferente disso. Partidas rendem XP e você aprende novos movimentos, são 3 iniciais que possuem vantagens complementares entre si, etc, etc, etc. Nada de realmente novo, né?

Mas é nos detalhes que o jogo me ganhou.

O primeiro detalhe: explicação temática das coisas. Olha, ganhar dinheiro e necessário. Em Pokémon, a gente duela com outros treinadores e líderes de ginásio e isso rende dinheiros para gente. Show? Show. Aqui você é patrocinado por grupos e empresas com necessidades específicas. Por exemplo, a Beastie Discovery Foundation te patrocina e, toda vez que você descobre um beastie novo, ganha dinheirinho ou as Railhouses (estadias entre linhas de trem) te patrocinam para que você mostre a marca por aí em duelos e, além disso, te dão estadia gratuita pra recuperar a stamina, justificando o “centro Pokémon daqui”.

Ainda nesse detalhe, você é um time, oras. Então seu time tem um nome, uma cor (que só aparece nos números, infelizmente…), seus beasties possuem números, os itens são “isotõnicos”, “spray analgésico”, “energéticos” etc. O item de capturar – capturar não, recrutar – Beasties é o uniformezinho do seu time, caramba! Aliás, vale puxar um “primeiro e meio detalhe” para isso.

A mecânica de recrutamento desse jogo é simples e genial. Não basta derrotar o beastie: você tem que satisfazer requerimentos específicos que variam de beastie para beastie. Alguns vão querer só bater uma bolinha contigo, outros vão pedir que você faça pontos sem atingi-los. E isso acaba conversando com patrocínios que podem te pagar cada vez que você descobre essas condições ou facilitar sua descoberta.

Beasties importam

O segundo ponto é que os monstrinhos são importantes demais. Não são só “soldadinhos” com números e pronto. Não me entendam errado, porque em videogames eu amo fazer valer a minha carteirinha da Guilda da Combagem Safada e montar equipes perfeita, mas aqui não é só isso. Os detalhezinhos de beasties que tem personalidades diferentes e reagem de formas únicas aos movimentos em partida ou como eles se comportam antes de uma partida contra literais líderes de ginásio fazem a gente criar um vínculo real com os bichinhos e com nosso time. Você pode até, pasme, encontrar bolas por aí e jogar para os beasties, que jogam um altinho casualmente enquanto você fica parado e estes são detalhes que fazem, provavelmente, zero impacto no gameplay, mas fazem duzentos milhões de impacto em você gostar do jogo.

O que isso faz de diferente no jogo? Nada. Mas é muito maneiro!

Mas existe essa tradução para as mecânicas também! Os beasties desenvolvem relacionamentos entre si e quando viram BFFs, desenvolvem jogadas em equipe que são extremamente boas (algumas são bem quebradas, na verdade!). E não dá pra falar desse jogo sem falar da beleza dele. O estilo que remete muito a desenhos animados mais atuais e modernos acaba rendendo aos beasties (e ao mundo, na real) muito charme e personalidade. Um dos NPCs que encontramos bem no comecinho do jogo já me matou de rir só porque ele é um jab no Red (sim, O Red)!

Mas voltando aos Beasties, atualmente vemos muitos monster taming que numa tentativa de apelar para um público já existente tenta “replicar” outros estilos e isso é algo que, embora não me afaste, me faz ficar meio “nhé”. Beastieball tem em seus beasties designs muito legais e únicos, principalmente levando em conta como ficam super parelhos com o estilo de arte que o jogo traz, bem moderno.

Trama atual para tempos e crianças atuais

Mensagem importantes, sim, mas com humor do jeito que a gente gosta

Beastieball é um jogo que, embora não seja para crianças diretamente, certamente não há problemas em pequeninos jogarem. Aliás, se a barreira do inglês não for um problema para você, crianças deveriam jogar Beastieball e entender a mensagem aqui. Além da abordagem “competitiva-não-violenta” e centrada nos beasties que já citei, o jogo tem uma trama extremamente consciente em diversos pontos. Esqueça Deuses, ser “o maior de todos”, domar os “lendários”. Você está na Liga Beastieball para impedir que uma reserva ambiental seja destruída para a construção de um estádio de Beastieball. É lógico que a trama dá uma engrossada com o decorrer do jogo, mas o seu objetivo é esse desde o começo. Você é amigo de uma pessoa que não doma os beasties, mas sim, faz amizade com eles e se diverte como se fosse parte daquele ambiente. Você descobre que o “uso” de Beasties não é algo bem visto, mas cultivar as relações entre eles é que é o lance. E diversidade é algo chave aqui. Personagens tem todas as cores, formas, gêneros e isso não importa porque são pessoas e ponto. Se fulaninho é x ou y, ele é fulaninho e acabou. “Ah, mas esse jogo é woke!” sim. Muito woke. Woke demais. E se isso é um problema para você, eu sinto muito dizer que você está no jogo (e no site, e no podcast) errado.

Essas são mensagens que jogos raramente trazem para a molecada e por isso Beastieball é tão especial: não teve medo de, num nicho já tão restrito e cheio de filtros que por vezes parecem mandatórios, trazer uma dose cores e brilho num mundo tão lotado de cinzas e trevosidade. É aquele papo que a gente sempre fala no Galinha Viajante, né? Tem que balancear: um pouco de droga e um pouco de salada.

VEREDITO: Recomendado

Beastieball é um contra-balanço essencial para RPGs e tem mensagens muito legais para a molecada. Não é jogo infantil, por definição, mas você pode ter certeza que se jogar isso ao lado de uma criança, sua experiência será mais legal. Embora o jogo possa parecer estranhamente vazio em seus cenários, isso é imediatemente compensado com Beasties carismáticos, direção de arte muito bonita e mecânicas simples que não enjoam e são diretas, retas e fáceis de aprender. Se você gosta de monster taming, entenda que esse jogo é OBRIGATÓRIO, se não curte tanto, Beastieball é uma mudança de ares que eu recomendo demais. Ponto do pessoal da Wish Ultd.!

Jogue se você curte: monster taming, vôlei, poder da amizade

Entenda o sistema de avaliação do Galinha Viajante!

Leia nossos outros reviews!

Agradecemos demais a Klei Publishing, Wish Ultd. pela key fornecida super antes do lançamento! Valeuzão de verdade ♥

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