Gêneros: Roguelite, Combate Tático por Turnos
Lançamento: 23/07/2024
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Cannibal Goose
Publicado por Ishtar Games
“Moria. Você deve temer entrar nessas minas. Os anões foram gananciosos demais, cavaram fundo demais. E você sabe o que eles despertaram nas profundezas de Khazad-dûm. Sombra e trevas..” – Saruman, falando sobre os anões de Moria em O Senhor dos Aneis: A Sociedade do Anel. Mas ele poderia tranquilamente estar falando sobre as minas em pixel art de Forgotten Mines, esse jogão de um desenvolvedor brasileiro solo.
Anões Gananciosos? Puxa, Que Surpresa
A premissa de Forgotten Mines é super simples, e não seria nada surpreendente se ela tivesse sido inspirada na história de Tolkien mesmo. Neste excelente roguelite uma mina Anã foi tomada por forças demoníacas, orcs, goblins e mais um monte de abominações depois que os anões cavaram tão fundo que chegaram literalmente aos portões do inferno e cada aventura tem um objetivo claro e direto: desafiar as monstruosidades que tomaram conta da mina, alcançar o fundo e derrotar o que quer que tenha saído de lá.
É admirável quando um roguelite consegue intrigar logo no começo. Desde a primeira aventura, a curiosidade fica cutucando a cabeça do jogador. “O que será que tem no final?” “O que será que saiu das profundezas do inferno?” “Como é que eu vou derrotar o que quer que tenha lá com meu grupinho de anões nível 1?” Esse senso de curiosidade e aventura é presente durante todas as runs, e isso contribui para algo essencial em qualquer roguelite: incentivar o jogador a jogar “só mais uma runzinha”. A curiosidade do jogador é ainda mais provocada com certos eventos aleatórios que ocorrem durante cada aventura – contatos com entidades poderosas, baús trancados e outras coisas que entregam vantagens (ou armadilhas) pro jogador além de um pouquinho mais de detalhes sobre o mundo de Forgotten Mines.
Mas tudo isso não adiantaria se o jogo não tivesse um bom sistema de combate. E Forgotten Mines tem um EXCELENTE sistema de combate.
Batalhas Minimalistas
A principal qualidade de Forgotten Mines é a simplicidade da sua jogabilidade. No começo de cada run o jogador monta um time de três aventureiros, escolhendo entre anões, elfos e humanos (cada um com forças e fraquezas diferentes) e concedendo a cada um deles uma das classes disponíveis. Com isso, cada personagem terá uma ou duas habilidades básicas simples, equipamentos iniciais, e algumas habilidades passivas aleatórias positivas ou negativas, que dão mais personalidade a cada um dos aventureiros.
Ao começar o combate, os veteranos de jogos táticos por turnos – especialmente os que forem fãs de Into The Breach – vão se sentir em casa. Todas as batalhas acontecem em um grid de 8×8 onde estarão os aventureiros, os inimigos, os obstáculos, os diferentes terrenos, etc. A variação de um mapa pra outro vem da geração procedural destes terrenos, inimigos (são mais de 50 tipos diferentes, entre goblins, orcs, mortos-vivos e demônios) e obstáculos, mas a base se mantém sempre a mesma, e as fases não tem designs complexos e labirínticos. O que pode parecer algo negativo na prática torna-se uma força: sem se preocupar muito com ter que explorar um mapa complexo, o jogador pode focar no que é o grande atrativo de Forgotten Mines: as batalhas.
Em cada fase, o objetivo do jogador é derrotar os inimigos. Enquanto isso, é essencial que o tempo seja usado de maneira eficaz: se o jogador não tiver terminado aquela batalha em 8 turnos, outros inimigos ainda mais fortes aparecem. Esse limite de tempo torna a gestão de pontos de ação – necessários para movimentação e ataques – ainda mais importante do que em outros jogos táticos, porque além de derrotar os inimigos, é ideal que o jogador colete recursos espalhados pelo mapa para melhorar seus equipamentos.
O interessante é que exceder esse limite de tempo não é necessariamente algo negativo. Derrotar inimigos dá pontos de experiência para seus personagens, e oponentes mais fortes podem dar equipamentos poderosos como recompensa quando derrotados. Isso deixa na mão do jogador uma escolha muito legal: terminar a fase rapidamente e de maneira mais segura ou tentar ficar mais tempo, derrotando inimigos mais desafiadores e ficando mais poderoso?
Gosta de Sistema de Classes? Esse Jogo Também
Toda essa simplicidade no combate é equilibrada pelo sistema de melhorias entre runs. Durante cada aventura, o jogador pode coletar diamantes que são usados para comprar diversos artefatos e desbloquear vantagens para todas as runs seguintes.
Entre estas vantagens desbloqueáveis estão mais de trinta classes. Embora no início o jogo só te dê acesso a um arqueiro, um mago de cura e um guerreiro, os três bem simples e diretos, existem classes mais avançadas. O Ferreiro pode transformar recursos em equipamentos durante uma batalha. O Mago Temporal pode manipular o contador de turnos do jogo. Algumas classes são MUITO poderosas, como o Paladino, com sua defesa altíssima. Outras são divertidíssimas de jogar, como o Feiticeiro com suas magias aleatórias. Escolher três dessas classes para formar um time é algo super divertido, certamente a melhor parte do jogo, já que são literalmente milhares de combinações possíveis.
Essas classes avançadas deixam o jogo mais fácil? Claro! Mas não é essa a ideia de um roguelite – que você tenha acesso a opções mais poderosas com o tempo? Mas não se preocupe. Se você é daqueles jogadores que gosta de dificuldade, o jogo tem um modo difícil que faz cada fase ter mais inimigos, e conta ainda com o Modo Descendente, liberado após terminar o jogo uma vez, que adiciona desafios – similar ao Ascension de Slay The Spire, por exemplo.
Veredito: Obrigatório
Forgotten Mines é um roguelite excepcional. Combate tático de respeito, variedade gigantesca de estratégias, pixel art linda. Tem alguns problemas de balanceamento, com algumas classes claramente mais fortes que outras, mas nada que manche a experiência.
Tem Telecinese e/ou Hookshot? SIM! Você pode encontrar equipamentos que dão acesso a essas duas mecânicas.
Jogue se você curte: roguelites, Into The Breach, sistema de classes e anões.