A.I.L.A. – Terror Nacional Bem Construído e Sem Apelação

 A.I.L.A. é o novo jogo da brasileira Pulsatrix que ficou conhecida pelo Fobia, jogo lançado em 2022 que produziu curiosidade em muitos para o que a produtora iria trazer a partir dele, pois ele já demonstrava qualidade acima do padrão de jogos indies. A Pulsatrix fez um movimento curioso nesses últimos anos: aproximou-se de criadores de conteúdo de survival horror, a ponto de colocar um deles, o MaxMRM, para auxiliar na produção do novo projeto. O jogo chamou atenção pela qualidade gráfica nos trailers e pelas boas impressões de quem testou em convenções. Inclusive, Leon e Samuca aqui do Galinha Viajante, elogiaram bastante quando jogaram. Enfim, três anos de espera e aqui está a minha resenha de A.I.L.A..

Antes de começar com a resenha, preciso comentar que o contato com a Pulsatrix para receber a chave do jogo houve um momento engraçado entre todos do editoria para realizar a análise. Simplesmente todos estávamos com medo de jogar survival horror. Foi bem engraçado e o resultado da conversa foi que eu aceitei fazer a resenha. Porém, rapidamente, comecei a me perguntar o que eu estava fazendo com minha vida porque eu também sou meio medroso. Enfim, depois de ter jogado o jogo posso dizer: ainda bem que tive a oportunidade de jogar A.I.L.A. porque o jogo é muito bom, me deixou interessado a todo momento em que tive que persistir as ânsias e medos enquanto jogava.

Gênero: survival horror
Lançamento: 25/11/2025
Plataformas: PC/Xbox Series/PS5
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Pulsatrix Studios
Publicado por Fireshine Games e The Interative Collective

A propaganda é a alma do negócio.

A Porta de Entrada para o Mundo de A.I.L.A.

Em A.I.L.A jogamos com Samuel, um testador beta de jogos de horror. Certo dia ele recebe o novo modelo de tecnologia de realidade virtual chamado de A.I.L.A, acrônimo que significa Artificial Intelligence for Ludic Application (Inteligência Artificial para Aplicações Lúdicas). O jogo mostra essa cena de modo interessante porque abrimos a caixa e vemos um novo dispositivo tecnológico e criando aquela sensação gostosa de abrir um console novo. Em seguida, instalamos tudo e colocamos o headset.

Ao entrar no dispositivo, conhecemos a própria A.I.L.A., uma inteligência artificial extremamente simpática, que promete “experiências jamais sentidas” e conduz Samuel para a primeira simulação.

Cada experiência funcionará como uma fase, em que iremos para um mundo específico com sua própria ambientação, história e lógica de funcionamento. Na prática, é como se cada fase fosse um tipo de survival horror diferente, destacando especificidades de subgêneros de terror. Além disso, controlamos Samuel pelo seu apartamento entre as fases, criando interlúdios para cada encontro com A.I.L.A.. Esses momentos colam as experiências de realidade virtual adicionando elementos extras à narrativa que vão aos poucos trazendo intrigas diferentes relacionadas a nossa relação com tecnologia e com nós mesmos.

Será?

Como A.I.L.A Joga

Em termos de jogabilidade, A.I.L.A. lembra algo entre Resident Evil 7 e Resident Evil Village, mas um pouco “capenga”. Jogamos, portanto, em primeira pessoa e iremos interagir com cenários diversos para resolver alguns puzzles e enfrentar alguns monstros. O “capenga” é porque tem alguns momentos que a jogabilidade parece meio travada e pouco polida, porém, talvez, isso possa ser compreendido como uma feature em jogos de terror.

Cada fase, como foi dito, apresenta um tipo de mundo diferente em que vai ser explorada alguma dimensão do survival horror diferente. Para explicar sem dar muito spoiler, tem fases em que o foco estará no combate e terá muita interação com inimigos monstruosos. Nesse tipo de jogo, temos que saber controlar o personagem para fugir e atacar do modo certo enquanto precisamos gerenciar munição e itens de cura. Logicamente, tudo isso se passa dentre de uma ambientação assustadora, escuta, nojenta, etc.

Por outro lado, tem uma experiência que praticamente sem combate algum, focando no terror psicológico, portanto, na capacidade da anormalidade do mundo levar nossa imaginação. É uma experiência focada na confusão mental e no que nós somos capazes de fazer para sobreviver.

Não irei contar muito além disso porque a graça do jogo também é descobrir essa nuance em cada experiência.

Já, na jogabilidade com Samuel em seu apartamento, iremos interagir com um mundo futurista em que vivemos sozinhos. Cada interlúdio com Samuel terá interações com A.I.L.A. que irão se desenvolver aos poucos e construir uma outra história paralela – que é bem interessante e conseguiu me fazer continuar, apesar do meu medo em jogar games de terror

As interações com AILA são bem legais

Tem algo curioso que não sei dizer se é real ou não. A A.I.L.A. nos diz que produzirá experiências adaptativas baseadas na minha forma de jogar para me manter tudo mais interessante e imersivo. A partir disso, pareceu que o jogo fazia algumas adaptações que não posso garantir se aconteceram de fato ou se tudo foi produzido em mim a partir da fala dela. Por exemplo, pareceu que o jogo me oferecia mais munição quando estava errando mais tiros e os inimigos ficaram mais passivos. Por outro lado, quando peguei o jeito do combate, pareceu que encontrava menos munição e os inimigos ficaram mais agressivos. Contudo, isso pode ser só uma impressão implantada na minha cabeça pela condução narrativa. Sinceramente, isso ainda dá mais valor ao jogo por conseguir produzir esse tipo de confusão que gerou uma “imersão inversa”, quebrando a quarta parede e afetando minha percepção enquanto Schneider, o jogador humano com o controle na mão, e não como Samuel, o personagem do jogo.

Agora, preciso apontar um problema. Na versão de Xbox, enfrentei um bug grave durante a luta contra um chefe. Após derrotá-lo, o jogo simplesmente fechava na cena seguinte. Precisei matar o mesmo chefe três vezes até conseguir avançar. Isso frustrou um pouco porque eu já tinha morrido várias vezes antes, e quando finalmente vencia, o jogo travava. Espero que esse bug já esteja corrigido e que não tenha afetado outras plataformas.

Composição Visual e Imersão

A parte estética de A.I.L.A. é impressionante, provavelmente um dos jogos brasileiros que mais chamam atenção visual. Tudo muito profissional, com acabamento acima da média do cenário indie.

Cada universo das fases é muito bem construído. A ambientação é forte, cria nervosismo e medo real, e os cenários são sempre funcionais e coerentes dentro de cada proposta. O terror gráfico não fica devendo nada: os cenários assustam, os momentos de violência são angustiantes, e tudo é muito efetivo.

A música cumpre bem seu papel dentro do gênero, com uma condução que não apela para jumpscares fáceis e contribui para a imersão.

Uma vez BR, sempre BR!

Veredito: Recomendado

A.I.L.A. é um jogo de survival horror de muita qualidade e demonstra o quanto estúdios brasileiros vêm desenvolvendo nos últimos anos. O jogo é muito competente dentro do universo do survival horror, apresentando cenários consistentes e sem utilizar jumpscares apelativo.

A.I.L.A. faz uma boa mistura de momentos de puzzles, ação e narrativa, onde tudo é bem encaixado. Eu recomendo fortemente para fãs de survival horror. Tudo é muito bem conectado e interessante e me fez persistir por todo o jogo, apesar do medo que sentia.  A.I.L.A é, por fim, recomendado, ainda mais pelo precinho bacana e acessível que está sendo vendido.

Jogamos A.I.L.A no Xbox com uma chave de análise fornecida pela Pulsatrix.

Jogue se você curte: Survival Horror, grotesco, terror, medo

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