Ter boas ideias não é algo exatamente difícil. De acordo com dados estatísticos seguros que eu certamente não estou inventando, um ser humano é capaz de ter pelo menos de 13 a 42 boas ideias ao longo de sua existência média. O grande lance aqui é saber se dita ideia boa é executável.
Fico feliz em dizer que Zero Orders Tactics é, com tranquilidade, uma boa ideia com uma excelente execução.
Mas é zero ordens mesmo?
Feito por um diminuto time que já tem um jogo publicado no Steam, Zero Orders Tactics engana você logo de cara pelo título. Quando um jogo tem “Tactics” no nome, imediatamente somos levados a pensar que se trata de um jogo como Final Fantasy TACTICS ou Kriegsfront TACTICS. Enfim, RPGs táticos: movimentos em grid, seja hexagonal ou quadradinhos, tática por turno e tudo mais. Não é que este não seja um jogo assim, mas em Zero Orders Tactics você só pensa. Quem executa os movimentos são as próprias peças de jogo. Isso mesmo: é quase um autobattler, com umas pitadas de rpg de estratégia, roguelite e puzzle.
O seu trabalho como jogador se torna, portanto, pensar e pensar muito bem. Cada unidade do jogo possui uma “programação” básica de como ela vai agir quando em campo. Digamos que você pegue um arqueiro, por exemplo. Ele vai andar um número X de hexágonos e mirar no inimigo mais próximo dentro da sua Zona de Ataque e pronto. Todas as unidades fazem isso, tanto as suas quanto as dos inimigos. Além disso, as unidades tem preferência de terrenos para andar e os turnos são numerados, fazendo com que saibamos quem vai agir quando. Tudo isso cria um jogo quase xadrez, mas com mais camadas e mais automático.
Simples, né?
Sim. A ideia genial vem aí: você é uma divindade. Então, para além de jogar novas unidades em campo para proteger seus objetivos, você pode substituí-las de acordo com a necessidade e a configuração do campo de batalha. E, por fim, você também pode alterar os terrenos do campo de batalha uma vez por turno. Aquele arqueiro chato tá na tua mira? Coloque uma montanha na frente dele e pronto, não tem mais problema.
A quantidade de camadas e camadas que essa cebola tática meio-puzzle, meio-tactics, me deu é bem divertido. E não pense que por causa da quantidade de coisas em combate as partidas são demoradas. A escolha genial de fazer com que tropas morram com um único ataque deixa cada run, cada combate, muito ágil e, ao mesmo tempo, muito tenso. Zero Order Tactics é um que não é exatamente difícil, mas não é moleza a ponto de você conseguir jogar pensando em outra coisa. Requer um pouco de concentração e pensamento analítico para que uma jogada dê certo.
O jogo conta com uma apresentação bem charmosinha com seus pixelarts e trilha sonora que cumpre a tarefa, além de menus muito simples. O modo campanha é bem legal, com uma pegada roguelite de escolher caminhos e construir um “deck” de tropas, terrenos e magias que criam uma variedade interessante para as partidas e colaboram para o sentimento de “novidade” que há em cada partida.
Xadrez 1.5
É uma ideia simples, um jogo pequeno de um solo dev que ousou fazer algo bem diferente. Assim como Balatro, que meu companheiro de podcast costuma chamar como “Poker 2”, Zero Orders Tactics é Xadrez 1.5 homebrew rules. A quantidade de tropas, estratégias e possibilidades é bem grande. Esse é um jogo que, no nicho correto, vai fazer um sucesso inesperado. Podem me cobrar aqui.
Zero Orders Tactics sai no dia 04 de Novembro no Steam! Confira aqui o jogo e adicione ele na sua wishlsit!
Esse preview foi feito com acesso antecipado liberado pela Pauloondora. Obrigado pelo acesso!