Shard Squad – Não é taming, mas é monster

Um dos subgêneros de videojogos que ganhou muita tração e, de forma meteórica, também caiu foram os bullet heaven. Jogos tipo Vampire Survivorsonde uma horda de inimigos te ataca, conforme o tempo passa e inimigos morrem, você fica mais forte para derrotar mais inimigos, ad infinitum. Se para surfar no hype do subgênero Shard Squad chegou um tantinho atrasado, isso não importa em face da qualidade monstruosa de um jogo que mistura muito bem fofura, hardcore e uma vontade de deixar as coisas bem claras em jogos assim.

Gênero: Survivor-like; Bullet Heaven
Lançamento: 10/11/2025
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por The Root Studios
Publicado por Nuntius Games, Vsoo Games

Não é monster taming

Bora tirar isso logo da reta? Vi muitas análises de colegas e até mesmo no Steam chamando Shard Squad de monster taming e terei de dar uma carteiradinha sendo meio pedante aqui: Shard Squad não é um monster taming. Ele tem cara, tem corpo e até jeito. Mas não é. Isso não é problema para o jogo e não o afeta em nada, mas preciso fazer esse aviso logo de cara porque expectativa é a mãe da cara quebrada.

Isso dito, que joguinho gostoso.

Como dito antes, Shard Squad é um survivor-like. Você controla um dos bichinhos elementais fofissimos do jogo e enfrenta outros bichinhos (menos fofinhos, mas ainda fofinhos) que vem em hordas nas sua direção. Simples, né não? Sim, é. Mas é justamente aqui que o jogo larga a mão do velho do saco dos caras da Poncle e começam a fazer o seu próprio bolo.  Jogos como Vampire Survivors e Halls of Torment são mais passivos e menos diretos em sua abordagem. Personagens não são tão diferentes entre si, mudando apenas pequenos números que só fazem diferença nos primeiros 5 minutos da sua partida, para no final todo mundo ser a mesma massa homogênea. Shard Squad vai para o lado oposto disso, trazendo vinte heróis diferentes de verdade, cada um com suas características e, principalmente gameplay diferente. Kiara solta raios que acertam em cadeia os inimigos enquanto Nana, também elétrica, faz uso de ataques em onda, por exemplo.

Nana, my beloved. A melhor de todas.

Só isso já deixa Shard Squad um pouco mais distante dos seus primos de gênero, mas não para por aí. Conforme o jogador acumula XP ao derrotar animaizinhos e pega os cristais que eles deixam cair, além de fortalecer em três focos diferentes o seu shard principal (geralmente Dano, Recarga e Área/Quantidade de projéteis), é possível pegar algumas relíquias para melhorar os seus atributos e mais importante ainda, outros shards para formar seu squad. No começo, com os 5 iniciais, não há tanta possibilidade estratégica, mas conforme desbloqueia-se outros shards, é possível notar que eles tem três características: seu elemental e mais duas. Quando colocamos 2 ou mais shards com a mesma característica, uma modificação mais forte acontece para seu squad. Por exemplo, quando dois shards de Fogo são juntados, os ataques causam queimadura e explodem; os de Cristal formam um tornado no campo, que causa dano sem parar. As mais legais, no entanto, ficam por conta das outras características que não só colaboram para lore e narrativa do jogo, mas são bem divertidas também. Colocar dois shards famosos no seu squad invoca um ESQUILO PAPARAZZI.

Quem você escolheria pra ser seu parceiro?

Não é zoeira.

O melhor de tudo é: visual.

O mais legal é que Shard Squad é um jogo muito visual. Não estou falando somente do apelo visual do jogo, que é simplesmente absurdo. Pixel Art crocantíssima, da maior e melhor qualidade, cores vibrantes e vivas. O jogo enche os olhos de uma maneira tão linda que eu fiquei pensando aqui quanto tempo a equipe de artistas levou para fazer cada uma das detalhadíssimas fases, NPCs, personagens, inimigos e mais. Não só isso, o jogo é claro visualmente. Você consegue entender, em meio à confusão das hordas de sapos, aranhas ou porcos, quem é quem com facilidade. Não estou falando também da abertura, toda em pixel art (dublada, inclusive!) que já prepara o terreno para as aventuras que viveremos com o Shards, não.

Clareza visual com beleza inegável

Eu quero dizer é que o jogo é visível. Cada um dos upgrades (com exceção dos de dano, claramente) não são somente numéricos. É possível ver, quando você sobe um nível em quantidade, aquele ataque realmente fazer diferença visível para quem joga. Quando você aumenta o alcance, área ou coisa assim, é nítida a mudança e isso gera uma sensação dopaminérgica de satisfação, de que aquele level up não foi só “mais numeruzinhos”. Os números estão lá pra quem gosta do crunching, mas eu acho — só acho — que esse não é um jogo para os fanáticos em numerozinhos.

O gameplay e o visual culminam em um jogo realmente satisfatório de jogar. Shard Squad é ativo quando oferece os eventos para cada campo de batalha, forçando (de uma boa maneira) a gente ter que nos movimentarmos e fazermos o uso do dash para evitar dano e fazer os objetivos que variam de “escolte um sapo mergulhador até a cachoeira” até “faça embaixadinhas enquanto mata inimigos e humilhe eles” e é visual indicando com clareza esses eventos. Shard Squad é ativo quando coloca inimigos que não são apenas bichos que andam na sua direção, mas que possuem ataques e ativamente faz eles andarem na sua direção e é visual quando deixa bem claro quem é boss e quem não é, qual inimigo tá te atirando e qual não tá.

Um tropeço aqui e ali, mas nada que desmereça

Não tô dizendo que Shard Squad é um jogo perfeito, sem nenhum defeito. O jogo tem alguns problemas, mais mecânicos mesmo, que podem incomodar pessoas um pouco mais atentas. Algumas escolhas, como tempo de invulnerabilidade após ser atingido ser bem curto, me incomodaram. Tudo bem que é possível aumentar isso com os upgrades do hub, mas ainda assim, acho que o tempo base acaba mais atrapalhando do que ajudando, especialmente quando você precisa utilizar esse tempo para escapar de uma fechada que os inimigos possam te dar.

Outro ponto que desgostei um pouco é o quando grindy o jogo é. Eu sei que faz parte do subgênero o loop de “vá na fase, passe até 10 minutos, morra, melhore os upgrades bases, volte”. Mas achei a curva de crescimento desse loop muito íngreme, daquelas que os níveis iniciais e intermediários são mais tensos e precisam de grind, com os níveis mais altos sendo verdadeiros atropelos dignos de um Musou da vida.

É grindy, mas é gostoso. E tem dadinho de tapioca

E por fim, um ponto negativo é que a Galinha (a nossa) não está presente no jogo e isso deve ser corrigido para ontem.

Veredito: Recomendado

Shard Squad é uma surpresa muito bem vinda no cenário de jogos BR e jogos survivor-like. Um jogo belíssimo visualmente que não só se apoia em sua beleza, mas faz do visual ser o seu principal ponto de foco do jogo. Tudo ser visual e visível é uma adição que, pode não parecer, mas não é exatamente comum no subgênero do bullet heaven. Ele tem um pouco de grind, mas não desmerece em nada o excelente trabalho da galera do The Root Studios, que entregou baita jogo!

Jogue se você curte: Bichinhos fofinhos, Magi-Nation, Pixel Art e a Nana.

 

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