Microsoft corta milhares de funcionários da divisão de games mesmo em bons resultados financeiros
No dia 2 de julho de 2025, para a surpresa de poucos a Microsoft – somente para aqueles que não sabem como uma Big Tech funciona – anunciou uma nova “reestruturação” da empresa no setor de jogos na Xbox. Segundo as notícias, a soma de demissões desse processo chega a 9 mil funcionários de diferentes divisões e estúdios.
Nesse processo foram cancelados projetos, dentre os quais se destaca o Everwild que estava sendo produzido pela Rare e o Perfect Dark que foi a grande novidade do “SUPERESTÚDIO” Initiative.
É aquele mesmo blá blá blá de sempre com uma frase padrão que tenta fazer um mea culpa enquanto justifica-se o injustificável, em nível de humanidade, pois é contraditório com diversos relatos de números positivos alcançados pela empresa nos últimos tempos.
O paradoxo da expansão
A justificativa oficial da empresa gira em torno de uma reestruturação para “aumentar o foco estratégico” e “agilidade” em seus negócios. Mas esse discurso corporativo parece cada vez mais vazio quando olhamos para os resultados recentes da divisão de jogos.
A Xbox tem reportado cada vez o aumento simultâneo de assinaturas do Game Pass e de vendas de jogos. Ela até se tornou uma das maiores publishers no console da concorrente, tendo alto número de vendas e pré-vendas de seus jogos na PlayStation Store. Então torna-se difícil justificar todo esse corte e fica evidente que a má gestão culpabiliza a base de funcionários, como sempre.
O pior de tudo é que conseguiu desconstruir até imagem positiva que tinha feito entre os próprios estúdios que reportavam melhora nas condições de vida e seguridade social de modo geral.
Minha opinião pessoal é que esse tudo prejudicará a produção artística de jogos de todos os estúdios da Microsoft, pois essas demissões devem criar um clima de medo entre os artistas que tenderam a “jogar seguro”, em vez de ousar na criatividade.
Analisando o contexto da Microsoft, a empresa e diversas outras têm investido pesado em tecnologias de IA, porém o investimento não tem tido retorno financeiro significativo. No entanto, as empresas não param e estão dobrando a aposta e investindo cada vez mais em IA e menos em material humano. Diante disso, parece-me que essa onda de demissões tem como objetivo uma forma de, simultaneamente, diminuir gastos humanos e forçar o uso da IA dentro dos estúdios, em diversas funções possíveis.
Isso é algo que precisamos acompanhar com o tempo, mas o futuro dos games não parece promissor no lado humano.