Mana está de volta! Uma das franquias mais queridas dos anos 90 e começo dos anos 2000 passou por maus bocados nos últimos tempos e, finalmente, tem um novo jogo na série principal. Visions of Mana traz tudo que os fãs da série esperam – tanto pro bom quanto pro não tão bom assim. Mas uma coisa é certa: se você é o público alvo, você vai ficar muito satisfeito.
Gêneros: RPG de Ação
Lançamento: 29/08/2024
Plataformas: PC, PS4, PS5, XSX
Tem idioma PT-BR: Não
Desenvolvido por Ouka Studios
Publicado por Square Enix
Uma viagem ao passado
Nostalgia é uma coisa poderosa. Muitos jogos tentam atingir os jogadores através da nostalgia, apelando pra lembranças dos tempos mais fáceis dos anos 90. O problema é que quase sempre essas tentativas soam vazias e forçadas. “Lembra disso aqui? Lembra daquilo lá?” Visions of Mana não precisa tentar apelar pra nostalgia porque Visions of Mana É nostalgia. Cada tela lindamente colorida do jogo te transporta de volta pra infância, cada música te faz lembrar dos RPGs do seu PS1. Certos jogos tem esse poder natural, e Visions of Mana entra pra esse seleto clube – clube que conta com a presidência de Dragon Quest XI.
Essa análise começa, portanto, falando justamente dessa nostalgia. É impossível se desligar dela. Se você, leitor, cresceu jogando RPGs da Squaresoft no SNES e PS1, prepare-se para uma viagem instantânea de volta para o passado. Mesmo sem ser muito fã da franquia Mana em si você já vai sentir isso, mas se for, esse jogo foi feito pra você, com mil referências que vão trazer aquele quentinho no coração. É como reencontrar um velho amigo, dar um abraço apertado e ficar batendo papo por horas lembrando do passado. Bom, com isso fora do caminho, vamos falar do jogo em si.
Nostálgico, mas moderno
A nostalgia também pode ser uma névoa que esconde problemas. RPGs antigos sofriam de falta de algumas coisinhas que hoje em dia já são tão comuns que, se não estão lá, fazem falta instantaneamente. Visions of Mana resolve QUASE todos os problemas relacionados a isso, trazendo sistemas modernos pra um RPG com alma antiga. O jogo conta com fast travel rápido desde o começo do jogo, com tempos de carregamento quase instantâneos. Os controles são altamente customizáveis, assim como várias opções de câmera e jogabilidade. O mapa, disponível desde o começo, mostra claramente as posições de pontos de interesse – aproximando-se de um o jogador descobre se é um baú de tesouro ou alguma outra coisa. NPCs importantes ficam claramente marcados com ícones. Só faltou mesmo um sistema de auto-save, então lembre-se de ir até a arvorezinha mágica e salvar o jogo a cada dez minutos no seu memory card, digo, SSD.
Na parte visual, Visions of Mana entrega o que você poderia esperar de um RPG com orçamento médio. Se você for daqueles jogadores que conta o número de polígonos na tela ou fica comparando texturas, sinto muito. O jogo tem visuais tecnicamente simples, framerate ok (algumas quedas aqui e ali), mas, sinceramente… Não importa nem um pouco. O jogo é LINDO. Colorido como Mana precisa ser, com cada ambiente retratando com riqueza os diferentes elementos da natureza. O jogador visita vulcões, penhascos, florestas, rios, ruínas, desertos… E é tudo maravilhoso. O mesmo vale pras músicas – nada aqui vai quebrar paradigmas e ganhar prêmios, mas… Rapaz, é impressionante como você fecha os olhos e se sente jogando um RPG de PS1 da Square.
Óbvio que tem um sistema de classes
O combate é, como esperado de um Mana, em tempo real. Seu grupo conta com cinco personagens, dos quais você seleciona três para entrarem em combate. Quando o bicho pega, o jogador controla um personagem enquanto os outros dois atacam automaticamente, mas é possível trocar livremente quem fica sob controle direto. O sistema de combate começa simples mas vai acrescentando novas camadas durante toda a jornada, e ao final o jogador tem acesso a um caminhão de magias, combos e ataques especiais. Cada um dos oito elementos ainda conta com uma espécie de relíquia mágica que, ao ativada em combate, faz alguma coisa única. A de água, por exemplo, vira um canhão que atira um poderoso jato de água que prende os inimigos em bolhas. O mais legal de tudo, porém, são as classes.
Cada um dos cinco personagens tem uma classe inicial e uma classe por elemento. Ou seja, o jogador conta com um total de 45 classes pra escolher, 9 por personagem. O mais legal é que, mesmo assim, cada um dos membros do grupo tem seu arquétipo bem definido, e as classes são variações disso. Palamina, por exemplo, é a maga do grupo, e as classes fortalecem isso de maneiras diferentes – algumas aumentam o MP, algumas dão mais opções de ataques à curta distância pra balancear a jogabilidade… Algumas classes são capazes de contra-ataques, outras se movem mais rapidamente, as opções são muitas. O momento mais empolgante do jogo sempre é pegar um novo elemento e procurar quais classes novas foram liberadas. E além de subir de nível, cada personagem evolui cada uma de suas classes individualmente através de uma árvore de habilidades simples, mas eficaz. As habilidades ativas – magias, buffs, etc -, uma vez liberadas, ficam disponíveis para todas as classes, enquanto as habilidades passivas só funcionam para aquela classe em si.
A exploração do mundo se dá em um tipo de “mundo semi-aberto”. O mundo é dividido em regiões, e cada região conta com suas side quests, batalhas opcionais, colecionáveis e um monte de outras coisas. O mini-mapa mostra claramente, com um pontinho azul, qualquer item de maior interesse – mas sem falar o que é. Mesmo assim, vale a pena explorar o mundo olhando pra tela de jogo e não só pro mini-mapa, porque várias coisas opcionais não são assim tão óbvias à primeira vista. Esse sistema de exploração combinou demais com Visions of Mana, porque fica completamente na mão do jogador a escolha de seguir em frente com a história depois de dez minutos ou duas horas de exploração. O ritmo do jogo encaixa muito bem.
Saindo da vila e salvando o mundo
O mundo está em perigo. A Árvore da Mana está cada vez mais fraca, e os espíritos elementais estão desaparecendo. A história de Visions of Mana começa como esperado: o protagonista (que, é claro, tem um poder misterioso) e sua namorada saem de sua pequena vila no canto do mundo para resolver o problema da Árvore da Mana e, com isso, o mundo. Durante a aventura o jogador vai passar por muitos e muitos clichês, com um roteiro bem simples. Ainda assim, levando em conta o objetivo do jogo, não posso deixar de pensar que é de propósito. Os clichês são clichês por uma razão: eles funcionam. Mesmo dando pra saber o que vai acontecer, as cenas do jogo entregam o sentimento necessário, muito graças ao elenco excelente de voz.
Vale fazer um elogio final muito específico para o antagonista do jogo. Visions of Mana consegue fugir do vilão maligno do mal que quer a maldade para o mundo. No lugar disso, temos um antagonista com objetivos claros desde o começo do jogo, e cuja história conseguimos entender. Isso torna a jornada muito mais interessante, e nos dá cada vez mais motivos para avançar por este perigoso mundo.
Veredito: Recomendado
Visions of Mana é um jogo que sabe o que quer ser e, principalmente, sabe o que NÃO quer ser. Se você não curte RPGs do SNES, PS1 e PS2, esse jogo provavelmente não é pra você. Afinal, analisado friamente, Visions of Mana não traz nada de novidade, e existem vários outros RPGs de ação melhores por aí. Mas se você, assim como eu, é filho de Final Fantasy, Breath of Fire, Dragon Quest, Chrono Trigger, e, principalmente, Secret/Trials/Legend/etc of Mana… Bem, é hora de empunhar sua espada novamente. A Árvore da Mana está em perigo, e você precisa salvá-la.
Jogue se você curte: RPGs retrô, furries, sair da sua vila para salvar o mundo
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