Sabe quando você passeia por uma rede, no caso Bluesky, e vê uma postagem de arte muito foda? Você para e pensa: “de onde veio isso?” E esse interesse inicial o faz ir atrás da origem daquela arte e, como estamos falando de um jogo, o faz seguir a produtora e ficar ali acompanhando o desenvolvimento e até colocar na wishlist da Steam.
Foi em uma dessas que eu descobri, no ano passado, o Stories From Sol: The Gun-dog, uma Visual Novel com Adventure com uma vibe artística que remonta os animes de sci-fi com mechas dos anos 80. A propaganda do jogo, aliás, diz que o jogo se inspira em Visual Novels do PC-9800, uma série de computadores vendida somente no Japão entre as décadas de 1980 e 1990.
O que isso quer dizer em termos práticos? É exatamente isso que iremos conferir neste review. Mas adianto que o único sentimento ruim que tive no jogo foi que gostaria que ele fosse maior. Desse modo, já saibam que este é uma daqueles resenhas que estarei tentando convencer que o jogo é ótimo dentro do gênero Visual Novel.
Gênero: Visual Novel; Adventure
Lançamento: 19/02/2025
Plataformas: PC, Nintendo Switch e PS4
Tem idioma PT-BR: Não
Desenvolvido por Space Colony Studios
Publicado por Astrolabe Games

Mesmo na Guerra Ainda Somos Humanos
A história de Stories From Sol: The Gun-dog começa com a história em que você está pronto para combater na Guerra Solar do lado dos colonos contra os terráqueos no perímetro da Lua. Na hora do combate, seu esquadrão todo começa a sair em seus mechas em direção à guerra, porém o seu equipamento apresenta defeitos e fica travado.
Tudo fica escuro e você precisa fazer diagnóstico e reiniciar tudo. Nesse processo, você vai ouvir a guerra pelo rádio do seu mecha sem poder fazer nada. Tudo isso é contado de um jeito muito interessante e uma música que dá bastante tensão sobre o processo. E, subitamente, antes de você poder sair, a guerra termina.
O jogo corta para 4 anos depois e você agora é um tenente encarregado da vigilância da nave militar Gun-dog. E o jogo começa realmente aqui.

Na Gun-dog, você vai conhecer uma tripulação bem única e vai ter que lidar com situações muito complexas nesse trabalho porque cada personagem possui uma personalidade única, com problemas e potencialidades. Como uma boa Visual Novel, aos poucos você vai notar o carisma desses personagens e entender essas questões que, não irei dizer aqui para não dar spoilers.
Além disso, o principal é que Stories From Sol: The Gun-dog possuí tramas que vão ganhando complexidade conforme as tarefas acontecem. Temos tramas militares, romance, amizades, inimizades, twists, ou seja, é o pacote do storytelling tradicional que aqui é muito bem feito. Como eu já disse, o único problema da história é que ficamos querendo mais, o que é um baita elogio.
Storis From Sol é Adventure com Visual Novel
Por se tratar de uma Visual Novel, o jogo é o básico de acompanhar a história com a exibição gráfica do cenário e dos personagens que estão falando. A jogabilidade ativa ocorre nos momentos em que o jogo abre para o modo Adventure em que você precisa buscar os personagens, locais durante a investigação.
O modo Adventure, lembra jogos como Snatcher, no qual é uma mistura sutil com Point’n’Click. Em cada cenário, teremos a opção de olhar, investigar, usar item e conversar com a pessoa do local. No jogo, esse aspecto do Adventure é bem leve, pois não é o principal do jogo, mas ele dá um toque adicional na busca pelo evento que irá ativar os próximos eventos e diálogos no jogo. No quesito Adventure, o jogo é bem simples, mas funciona. Ele está no jogo para dar a sensação de descoberta, mas nada muito complexo. O destaque está na combinação da narrativa com a arte.
PIXEL ARTE ANIMAL!!!!
No aspecto artístico, gente, sério: o jogo é um espetáculo, tanto gráfico quanto sonoro. Todas as artes são extremamente bem feitas, apresentando personagens extremamente detalhados e com animações que dão ainda mais personalidade a eles. O jogo tem um estilo interessante de repetir animações de visual novel, porém de um modo que mistura fluidez e cinematografia que são muito legais.
Um jogo que faz isso de modo bacana é o Phoenix Wright, no qual as animações são feitas para expressar diversas emoções. Parecem cacoetes porque se repetem, mas é feito de um jeito que funciona muito bem para a expressão do que está acontecendo.

O cenário é construído como uma base militar, sem tanta variação de corredores, mas é muito coerente com a proposta. O que chama a atenção e é ponto de curiosidade é encontrar o como eles constroem aquele mundo e suas representações, principalmente toda a tecnologia dele. Nisso, é notório uma influência estética de Gundam, principalmente nos cenários e nos mechas.
Outro destaque são as animações das cenas. É tudo feito com um pixel art de alta definição e é tudo maravilhoso assim como as outras artes do jogo. Isso aumenta quando você vê uma animação extra onde você menos espera que tenha. Subitamente, rola uma animação cortando uma cena de alta qualidade que é comum em Visual Novels de maior orçamento, não de um indie. Isso surpreende positivamente a todo momento.
Sabe o que é legal além disso tudo? É que temos três estilos gráficos que podem ser alterados no jogo a qualquer momento: o pixel art padrão do jogo, um estilizado Doujin com cores esverdeadas e um terceiro que mescla os dois. É surpreendente pensar que, além do trabalho que isso tudo deve ter dado, eles ainda fizeram dois tipos de arte para cada personagem. DOIS TIPOS DE ARTE!

Sobre a música e efeitos, tudo é feito com chiptune estilizada em “8-bits”, sendo mais específico, a estética está entre o chip do NES e do PC9800. Tem músicas bem legais e que compõem muito bem a cena, puxando a gente para emoção do momento. Muito bom. Já os efeitos sonoros seguem o mesmo estilo e se encaixam bem.
A única coisa que poderia ter de melhor, é dublagem. Uma dublagem adicionaria emoção extra, mas é compreensível não ter isso em um jogo indie. Está evidente que estou inventando problema para tentar fingir neutralidade aqui, né?
Veredito: Obrigatório
Stories From Sol: The Gun-dog não poderia ser menos do que obrigatório. A pixel art impressionante com detalhes caprichados faz cada cena saltar aos olhos. Com personagens únicos, a história envolvente complementa a arte de alta qualidade. O fato é que quando créditos sobem, você se pega querendo mais. Mais da história. Mais do universo. E mais dos personagens. O único problema é que o jogo poderia ser maior – o que é um baita elogio para algo que durou aproximadamente 10 horas de experiência para mim.
Em resumo, Stories From Sol: The Gun-dog oferece uma jornada inesquecível e, com um pixel art animal, destaca-se como uma das melhores Visual Novels indies que já pude experimentar, rivalizando até com grandes nomes do gênero. Imperdível para quem gosta de Visual Novel e vale muito a pena para ser a primeira de quem não tem familiaridade com o gênero. Só não recomendo se você não gostar de ler. Aí não tem como.
Jogue se você curte: Leitura; Enredo; Mechas, Sci-fi
Entenda o sistema de avaliação do Galinha Viajante!
Leia nossos outros reviews!