Dificuldade elevada. Mapas repletos de segredos e caminhos interligados. Combates precisos, com ênfase em esquivas e gerenciamento de stamina. Estes e outros tantos elementos presentes nos chamados soulslike só reforçam a influência que os jogos da From Software tiveram na indústria. Embora sejam bem conhecidos, é bem difícil encontrar o balanço entre esses elementos. Nisso, Fountains acerta em cheio.
Gêneros: Soulslike, Metroidvania
Lançamento: 20/12/2024
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por John Pywell
Publicado por John Pywell
Olha, olha água mineral!
Desenvolvido por uma única pessoa ao longo de 5 anos, Fountains é um soulslike com elementos de metroidvania, ambientado em um reino governado pelos misteriosos Atemporais, criaturas aparentemente imortais, corrompidos pelo uso irresponsável dos poderes da misteriosa Fonte da Juventude. Na pele do Usurpador, sua missão é derrotar essas criaturas, clamar o poder da Fonte e romper esse ciclo (ou não).
Assim como os jogos da série Souls, boa parte da lore de Fountains é entregue através de diálogos enigmáticos, descrições de itens e murais antigos. E, como o nome do jogo já entrega, fontes de Água tem um papel bem importante na narrativa. As fontes servem como as bonfires do jogo, sendo um local seguro para descansar e recuperar a vida e também como checkpoint após uma morte. Com uma pequena oferenda em dinheiro, as fontes também recuperam seu medidor de Água, o equivalente aos Estus Flasks de Dark Souls.
A Água não só recupera sua vida, mas também serve como MP, possibilitando soltar magias e golpes especiais. Cada cura/magia consome um carga do seu medidor, mas cada golpe físico dado nos inimigos recarrega um pouco dessa barra. Assim, para ter um fluxo constante magias e cura, é preciso jogar de forma mais agressiva. Isso, aliado à mecânica de stamina, torna cada combate uma bela dança de esquivas, ataques corpo a corpo e magias.
Um vasto mundo interligado
Além da clara inspiração em Dark Souls, Fountains também bebe de outras fontes (desculpe). Os jogos 2D de Zelda também parecem ter sido bem influentes aqui, seja pela visão top-down, seja pela forma como é feita a progressão do jogador. Assim como nas Hyrule, o mundo de Fountains é aberto desde o início, porém muitas áreas são inacessíveis num primeiro momento, forçando o jogador a seguir por um caminho linear até algum chefão, que, ao ser derrotado, dá acesso a novas ferramentas de exploração.
Um problema comum em muitos metroidvanias certamente é o backtracking, aquele famoso momento onde você precisa revisitar áreas antigas a fim de chegar a algum novo local antes inalcançável. Em Fountains não é diferente, porém esse problema é muito minimizado pelo sistema de fast travel, que ocorre de forma muito orgânica no jogo. Ao invés de simplesmente se teleportar de um ponto a outro, o jogo apresenta um grande sistema de túneis subterrâneos, interligando os pontos mais distantes do mapa. Assim, em poucos segundos, é possível acessar qualquer área já desbloqueada.
Muito souls, pouco RPG
Comparado com outros jogos do gênero, Fountains é bem minimalista no aspecto RPG. Sua ‘ficha’ de personagem conta com apenas 3 stats: Ataque, Defesa Física e Defesa Mágica. Como não há sistema de level up no jogo, a única forma de manipular esses stats é através de seu equipamento. Sua armadura é composta por três peças distintas (cabeça, torso e pernas), cada qual com seus valores individuais de Defesa Física e Defesa Mágica. Aqui, há uma certa variedade de peças, algumas mais focadas em Defesa Física, já outras são mais voltadas para Defesa Mágica (e geralmente aumentam seu MP total), criando uma flexibilidade mínima para criar diferentes builds, focadas em magia ou ataque.
Além do equipamento, você também tem acesso a alguns slots para acessórios. Aqui, é possível equipar diferentes anéis ou joias, que concedem magias, golpes especiais ou habilidades passivas, como refletir projéteis ou melhorar a capacidade de cura das suas poções. Os equipamentos podem ser alterados a qualquer momento para que você possa ajustar sua estratégia, porém o jogo não pausa ao abrir os menus.
Veredito: Recomendado
Apesar de ser bem limitado quanto à criação e customização de builds, elementos como o level design inteligente, marcado por grandes áreas interligadas e repletas de segredos, e chefões desafiadores porém justos, já fariam com que Fountains fosse considerado um bom soulslike 2D.
Agora junte à mistura uma progressão estilo Zelda e um combate que valoriza o fator risco/recompensa, e temos um jogo que eu considero estar entre os melhores soulslike 2D já feitos.
Jogue se você curte: Soulslike, The Legend of Zelda, Água mineral
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