Ideias simples podem parecer bobas as vezes quando colocadas ao lado de coisas que sejam do mesmo contexto. Mas não me canso de dizer que as melhores execuções costumam vir de ideias mais simples.
Raiders of Valhalla é isso. Uma descrição complexa seria um autobattler sidescroller com elementos roguelite, de RPG, autochess e management. Agora, uma descrição mais simples e eficaz dele é perigosamente viciante.
Isso acontece porque Raiders parte de uma premissa bem simples. Pegue seu viking, lute contra outro viking, ganhe dinheiro. Melhore seu exército. Enxague e repita. Bobo, né? Simples, não? É. Pois é. Onde Raiders of Valhalla morde, e morde bem, é naquele lugarzinho especial chamado dopamina e bate aquela onda que só quem jogou idle games como Clicker Hero ou o mais recente sucesso dopaminístico, Vampire Survivors sabe bem como é. Os números acontecendo, a sua build dando certo, inimigos sendo derretidos. É mágico.
O jogo também não faz questão alguma de esconder seus elementos Rogulite. A primeira run era praticamente tudo mato. Umas duas ou três classes habilitadas, pouca variedade de possibilidade. Mesmo assim até que fui longe e consegui explorar certos aspectos do jogo, em especial a parte autochess e autobattler de Raiders. Conforme você junta gold as opções de onde gastar se tornam o primeiro grande desafio. É possível comprar mais equipamentos, recrutar outros vikings e liberar mais espaços para eles no seu exército. Só que isso tem um limite. Conforme você dá um upgrade nas possibilidades do que vai vir, tal qual “upar” a loja de um TFT ou Autochess da vida, você pode conseguir melhores equipamentos, vikings e etc. Não só isso, o gold também pode ser usado para aumentar as recompensas que as missões – que são aleatoriamente geradas – te dão. Tanto em gold quanto em loot.
Descrevendo assim parece que dura uma eternidade, né? Não. Esse processo todo leva não mais do que 1 minuto: da decisão final à batalha ao fim dela e, então, ao gasto de gold.
O roguelite não é o fato de você ir-e-voltar em missões, mas sim o fato de você perder em um combate e começar do zero, mas com uma barra de metaprogressão te mostrando coisas novas que você desbloqueou: equipamentos, relíquias, classes e até funcionalidades de jogo.
E é precisamente neste momento que você nota que perdeu para o jogo e se dá conta que o jogo tem camadas e camadas de coisas que se você não levar em conta, Raiders of Valhalla é viciante, mas quando você leva em conta ele fica perigosamente viciante. As classes, por exemplo tem características que quando são acumuladas conferem bônus, igual TFT e suas características, pronto: fiquei alguns bons 40 minutos pensando em uma composição com a qual eu pudesse fazer o maior estrago possível no menor tempo disponível.
Visualmente, Raiders impressiona e não ao mesmo tempo. Não é nada especialmente inovador que vai fazer você pular na sua cadeira, mas ao mesmo tempo é visível o amor e carinho da equipe de arte com as cores e estilos usados para casar bem com a progressão de raridade e poder dos equipamentos, magias e pets. Uma armadura Tier I é enferrujada, mas o tier acima já está bem cuidada e com cores tão bonitas que as vezes dava pena de subir para o tier maior. Pixel art crocantinha, do jeito que tem que ser.
Embora o jogo esteja em Acesso Antecipado ainda, senti falta de animações de combate um pouquinho mais claras para que eu pudesse entender quem tá batendo em quem. Talvez fosse mais interessante ter esse apoio visual para desenvolver melhores estratégias.
De qualquer forma, vale o seu tempo e sua intenção de ficar de olho até sua versão 1.0 caso você não curta early access. Raiders of Valhalla saiu em acesso antecipado no dia 29 de Julho no Steam e possui uma versão prólogo para você dar uma testada também