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Slash Quest – Cortando tudo, mas com fofura

Depois de tantos Anéis Prístinos, Matérias Pretas, Chorinhos nos Reinos e muitas outras aventuras épicas, chega uma hora que a gente precisa dar uma respirada funda. Limpar o palato com algo que não seja tão diferente mas que acaba sendo. Slash Quest é precisamente isso, agora, pra mim.

Gênero: Aventura, collect-a-thon
Lançamento: 15/08/2024
Plataformas: PC
Tem idioma PT-BR: Sim
Desenvolvido por Big Green Pillow e Mother Gaia
Publicado por Noodlecake Studios

Fatiou… e fatiou de novo

Esse jogo me levou a tantos lugares e referências que acho que não seria justo eu não citá-las em momento algum por aqui. Mas também, as vezes, acho que não faz justiça à uma obra quando a gente simplesmente cita sua referência só para efeitos de descrição. Vou tentar equilibrar tudo aqui, prometo.

Zézinho e seu minigame. E eu de olho no recorde.

Mas logo de cara, começando o jogo – e repassando os níveis jogados na demo que fizemos o preview – é impossível não dar um sorriso se você curtir a leva mais recente de animações do Cartoon Network, em especial Hora de Aventura. A direção de arte, toda fofinha e engraçada ao mesmo tempo, é um negócio de doido e me fez sentir em casa. O uso de cores marcantes para destacar os personagens, em especial o Ovelheiro (ou só Ovi), as carinhas simples – mas expressivas – que Espadinha faz durante o jogo ou os trocentos efeitos de rastro da espada me aqueceram tanto o coração que fiquei, por vezes, encantado com o jogo. Talvez o aspecto que eu menos prestei atenção tenha sido a trilha sonora, que cumpre bem seu papel mas não é daquelas que você vai pegar para ouvir faixas isoladas e, ironicamente, o design de som desse jogo tem também umas doses bem cavalares de cartoons.

É um desenho animado jogável de cabo a rabo.

O elenco de personagens, que é muito bom, apoiado pelo texto que é simples mas bem escrito, é um charme a parte. É impossível não soltar uma gargalhada com as interações de Espadinha, a doçura-com-aparente-interesse da Mascate, os tons de neurodivergência (muito bem pintados, inclusive) na Ferreira e, claro, o melhor personagem de todos: Zézinho, mané.

E acho que, tal qual Hora de Aventura, Slash Quest é um jogo que traz facetas diferentes dependendo de quem olha. Porque temos claramente uma história que não é densa, apesar de seus temas um pouquinho mais complexos – mas muito importantes de serem trazidos à tona – pode acabar passando desapercebido por quem joga só por jogar. E note, isso não é um problema. Acho que escrever de maneira que eu, um véio páia quase quarentando, veja de uma forma e uma criança de 10 anos entenda de outra é uma tarefa para pouquíssimos. Não é só a história de uma Rainha em seu Rainado (não é um erro) que perdeu sua Espada Mágica tagarela e agora ela precisa encontrar sua portadora novamente. Colonialismo, preconceito, erradicação de culturas e povos e até plot twists tão aqui. Novamente, não é a redescoberta da roda, mas é uma roda bem feita.

Claro, tudo em PT-BR. É daqui, afinal. Mas só o fato de termos uma das habilidades passivas chamadas de FOFOQUEIRO já me conquistou imediatamente.

Fofoca? Quero.

Uma lâmina de dois gumes (perdão pela piada outra vez)

Onde Slash Quest tentou ousar e colheu, por vezes, frutos disso é em sua jogabilidade. Como descrito também no preview, não tem erro: você meio que controla Ovi andando pelas fases enquanto a Espada gira pra lá e pra cá conforme for necessário. Toda vez que você fatia um inimigo (aliás, adoro o contraste da fofura e violência cartunesca do jogo), Espadinha cresce. Até aí você pode pensar que isso é um benção mas se você bater numa pedra ou coisa que não é cortável, Espadinha tremelica toda e encolhe um pouco. Vários puzzles se ligam nessa característica, já que Ovi não faz nada além de servir de mãozinhas para Espadinha. Então, alavancas e outras gerigonças que vão abrir o caminho nas fases para você dependem da interação com a arma mágica. Descrevi como um “A Link to the Past mas collect-a-thon”, mas eu acho que ele parece mesmo mais um “Crash Bandicoot se fosse com o Link e menos frenético”. Nada disso é ruim, pelo contrário. Eu que geralmente não sou fisgado por essas mecânicas me senti com vontade de tentar e explorar as fases e buscar os segredos. E controlar Espadinha é muito satisfatório, sendo esse o grande “tchan” do jogo.

Mas tenho que dizer: algumas das fases são meio longas, quase que se arrastaram um pouco mais do que deveriam ser. As muitas habilidades passivas e ativas que Ovi e Espadinha podem ter até ajudam a dar uma aliviada nessa questão (eu nunca mais desequipei a Jóia de Corrida), mas ainda assim, fases longas. Não é um erro gigantesco, mas me incomodou um pouco. E também entendo que o jogo não é, exatamente, para um véio paia quase quarentando, mas senti que poderia ter um pouquinho a mais de desafio em manter Espadinha no tamanho certo, mas também entendo o desafio de design que isso poderia se tornar.

“Fases meio longas, mas não tão longas quanto eu”, diria Espadinha

Bem, Slash Quest é um daqueles jogos que faz bastante com o que tem ali em mãos. Fiquei boas horas no minigame de corrida, que se tornou o meu favorito, mas tem tanto conteúdo extra e, pelo andar da carruagem, conteúdo sazonal que você vai ainda ler muito sobre o jogo aqui. Tem sidequests que dão mais profundidade ao elenco, tem missões extras que te desbloqueiam roupinhas para Ovi (e ainda estamos chateadíssimos com a ausência de Galinhas Verdinhas com Mochilas e Fones Azuis)… o jogo já está prontinho para ser algo semelhante a um live service, mas sem a cara exacerbadamente mercenária que esse tipo de jogo tem (ainda bem) e, claro, tudo pode ser adquirido dentro do jogo: sem microtransações. Tomara que venha mais conteúdo!!

Veredito: Recomendado

Slash Quest é um trabalho lindo, que mesmo com uns soluços aqui e ali, mostra muito a capacidade de ambos os estúdios envolvidos. Charmoso e com muita personalidade, um texto bem divertido e personagens bem legais, é o tipo de jogo que serve para dar uma relaxada e curtir. Mesmo que seja fatiando dinossaurinhos com uma Espada Mágica meio lelé.

Jogue se você curte: joguinhos fofinhos, cores, Hora de Aventura.

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Obrigado ao pessoal da Big Green Pillow pela chave de jogo cedida! Valeuzão!

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